Sócrates diz que comissão não encontrou qualquer facto que o contrarie
Numa longa introdução, José Sócrates aproveita para deixar um rol de críticas ao trabalho da comissão e para reiterar que “tudo o que de essencial tinha a dizer sobre o assunto (…) já o disse” publicamente no dia 24 de Junho do ano passado. Diz que as perguntas são “numerosas e repetitivas” apesar de não haver “muito para dizer”.
“Ao fim de semanas de inquirições, esta comissão não recolheu um único testemunho conhecedor dos factos, um único documento preparatório do negócio ou qualquer outro elemento de prova que contraditasse aquilo que afirmei ao Parlamento [no dia 24 de Junho]”, escreve o primeiro-ministro. E diz que “todo os intervenientes relevantes no processo negocial entre a PT e o grupo Prisa vieram confirmar diante desta comissão, sob juramento, que não tinham prestado ao Governo, ou a mim próprio, qualquer informação relativa a este negócio”.
Tal como o ministro Silva Pereira dissera aquando da sua audição, José Sócrates também realça que “nenhuma das 74 perguntas” o confronta “com qualquer elemento de prova que contrarie” o que afirmou ao Parlamento naquele dia 24 de Junho “ou que demonstre a existência de qualquer intenção do Governo, directa ou indirecta, na operação”.
José Sócrates garante que “a primeira informação prestada pela PT ao Governo foi já no dia 25 de Junho à noite, num jantar” em que encontrou o presidente da operadora” e que “a única intervenção do Governo ocorreu no dia seguinte, dia 26, logo de manhã”, com a comunicação do ministro das Obras Públicas em reunião com Granadeiro e Zeinal Bava.
Nas respostas que envia aos deputados, José Sócrates diz que quando falou no Parlamento, no dia 24 de Junho, não tinha conhecimento de que o negócio estava em marcha – apenas lera notícias na comunicação social mas cujo fundamento desconhecia. Apesar de a PT ter enviado um comunicado à CMCVM sobre o negócio na noite de dia 23, o primeiro-ministro afirma que só soube da existência desse documento no dia 24, já depois da sua intervenção na Assembleia da República.
Sócrates diz ter sabido oficialmente do negócio apenas no dia 25 de Junho à noite, num jantar em que encontrou Henrique Granadeiro e onde este lhe contou que “tinham existido conversações entre a PT e a Prisa sobre a Media Capital mas que o assunto não tinha sequer sido agendado para o conselho de administração da PT realizado nesse mesmo dia e que não considerava o negócio oportuno”.
E por que não lhe disse o primeiro-ministro que pensava o mesmo, que não queria que o negócio fosse para a frente – como até já combinara nessa tarde com Mário Lino quando ainda não conhecia o negócio - e que Granadeiro iria ser chamado no dia seguinte? “Porque aquele não era o momento, nem o local próprio, para o fazer e porque competia ao ministro (…) transmitir a posição do Governo”.
O primeiro-ministro confirma conhecer Rui Pedro Soares há meia dúzia de anos, mas garante nunca ter falado como ele sobre qualquer negócio de compra da TVI. Nem com o ex-gestor da PT nem com Armando Vara. Mas admite ter comentado com Armando Vara e com Pina Moura – não como presidente da administração da Media Capital, mas como pessoa conhecida, avisa - sobre a linha editorial da TVI até porque era “um tema largamente discutido na sociedade portuguesa, em particular nos meios políticos”.
Notícia actualizada às 18h00