"Nos sete ou oito anos em que estive à frente da Media Capital, tive duas ou três negociações avançadas para a PT comprar uma posição na Media Capital", afirmou Miguel Pais do Amaral na sua audição na comissão parlamentar de inquérito sobre a relação do Governo com a comunicação social e no negócio da TVI. "Não é a primeira vez que a PT se interessa por adquirir posição no sector dos media", acrescentou, referindo-se à tentativa de compra de Junho do ano passado.

Um das vezes "chegamos a ter um term sheet [pré-acordo]. Duas outras vezes tivemos negociações, mas não passaram de trocas de propostas", contou Pais do Amaral, especificando, a pedido do deputado João Semedo, que quando se chega ao ponto de ter um term sheet "não se está a falar nos primórdios" do negócio: "é um documento em que duas partes acordo os termos comerciais de uma transacção" que depois tem que passar pela parte jurídica, contabilística, etc. Mas acrescentou que quando são "dois operadores que sabem o que querem, podem chegar a um term sheet muito rapidamente".

O deputado João Semedo, que é o relator da comissão, tentava fazer uma analogia entre as duas transacções relativas à Media Capital, a que se concretizou em 2005 quando a Prisa a comprou a Pais do Amaral e a que não se concretizou entre a PT e a Prisa em 2009, para saber se seria normal o ministro da tutela saber do assunto pelos jornais. "Em relação a 2005, não sei se houve contactos entre o grupo Prisa e o governo. Sobre o ministro das Obras Públicas não saber o que se passa na PT, o problema é dele: é porque não tem os canais certos."

Pais do Amaral contou que tem "um longo histórico de relacionamento com a PT", mas nunca teve muito sucesso quando esteve na Media Capital. "O nosso objectivo era obter um bom contrato como o nosso concorrente SIC tinha obtido" - mas isso foi algo que Pais do Amaral nunca conseguiu quando detinha o grupo.

"A PT é uma empresa privada, com capitalização bolsista de 7 mil milhões de euros, tem um management profissional e penso que tem capacidade de decidir por si as operaçãoes que tem ou não de fazer", afirmou ainda.