Jornalista da TVI afirma haver na estação documentos sobre caso Freeport com relevância noticiosa
"É verdade, existem documentos [na redacção da TVI] sobre o Freeport em concreto", disse hoje Carlos Enes na comissão parlamentar de inquérito sobre a alegada intervenção do Governo no negócio da compra da TVI pela Portugal Telecom.
O jornalista, que fazia parte da equipa do Jornal de Sexta, coordenado e apresentado por Manuela Moura Guedes e suspenso em Setembro pela administração da estação, escusou-se a revelar que tipo de documentos está na posse da redacção em relação ao caso que envolve o primeiro-ministro José Sócrates. "Não vou descrever documentos que ainda não foram objecto de notícia", afirmou.
Carlos Enes disse ainda que pelo seu "critério" e da colega Ana Leal [que também fazia parte da equipa do Jornal de Sexta], "há matéria noticiosa que devia ter merecido peças".
"Esta direcção de informação [dirigida por Júlio Magalhães] tem um critério diferente", afirmou.
Apesar de ter "divergências editoriais" com a actual direcção de informação da TVI, Carlos Enes afirmou que isso não quer dizer que a sua liberdade esteja em causa.
O jornalista da TVI, Carlos Enes está hoje a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito sobre a alegada intervenção do Governo no negócio da compra da TVI pela Portugal Telecom. Após a audição de Carlos Enes, será ouvido pelos deputados o ex-presidente da Media Capital, Pais do Amaral.
A comissão parlamentar de inquérito iniciou-se segunda-feira com a audição do ex-ministro das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações, Mário Lino, que garantiu que o plano da PT para comprar a TVI nunca foi abordado nas reuniões que teve com a empresa de telecomunicações.
Criada por requerimento potestativo do PSD e do BE, a comissão tem como objectivo "apurar se o Governo, directa ou indirectamente, interveio na operação conducente à compra da TVI e se o fez, de que modo e com que objectivos".
Além disso, a comissão visa "apurar se o primeiro-ministro disse a verdade ao Parlamento, na sessão plenária de 24 de Junho de 2009", quando referiu que não tinha sido informado sobre o negócio.
Para analisar estas questões, os deputados vão ouvir 21 figuras, questionando diferentes temas relacionados com o negócio.