“Número dois” do Vaticano relaciona pedofilia com a homossexualidade

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O secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone Alessia Pierdomenico/Reuters

É a homossexualidade e não o celibato dos padres que o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, relaciona com a pedofilia e com os casos de abusos no seio da Igreja Católica.

“Muitos psicólogos e psiquiatras demonstraram que não há relação entre o celibato dos padres e a pedofilia, mas muitos outros demonstraram, e disseram-me recentemente, que há uma relação entre homossexualidade e pedofilia”, afirmou Bertone.

“É a verdade, é esse o problema”, garantiu o cardeal numa conferência de imprensa em Santiago do Chile. “Esta patologia toca todos os tipos de pessoas e os padres num grau menor, em termos percentuais”, afirmou ainda o cardeal, “número dois” do Vaticano. “O comportamento dos padres neste caso, o comportamento negativo, é muito sério, é escandaloso.”

No Chile, houve de imediato reacções indignadas: “Esta é a uma estratégia do Vaticano para fugir às suas próprias responsabilidades éticas e legais, fazendo esta ligação falsa e repugnante”, afirmou Rolando Jimenez, presidente do Movimento para a Integração e Libertação Homossexual, recusando a existência de quaisquer estudos sérios que sustentem o que diz Bertone.

O secretário de Estado do Vaticano afirmou ainda que o Papa Bento XVI está a preparar “outras iniciativas” face aos escândalos de pedofilia, na sequência da divulgação de uma série dos procedimentos internos a adoptar pelas dioceses no caso de abusos, e que incluem a denúncia à justiça, no respeito pela “lei ordinária”.

Entre o silêncio e a gaffe, como a do pregador do Vaticano que comparou as acusações contra ao Papa ao anti-semitismo, a Santa Sé tem sido acusada de não estar a responder adequadamente à crise aberta pela divulgação de centenas de denúncias de abusos sexuais com o envolvimento de religiosos em vários países europeus.

“O Vaticano não se deu ainda conta até que ponto é grave a crise mediática”, disse recentemente à AFP o vaticanista do diário “Il Giornale”. “Será útil aos dirigentes da Santa Sé falarem um pouco com os jornalistas”, aconselhou em declarações ao "La Stampa" George Weigel, autor de uma biografia de João Paulo II.

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