Fidel Castro garante que Cuba “nunca assassinou” um opositor

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Fidel Castro enviou uma mensagem à televisão cubana Reuters

O dissidente cubano Guillermo Fariñas, que se encontra em greve de fome para protestar contra a morte de Orlando Zapata, outro dissidente cubano que morreu na semana passada após mais de dois meses sem ingerir alimentos, disse em entrevista ao "El País" que “há momentos na história em que tem de haver mártires”. Esta terça-feira o líder histórico cubano Fidel Castro referiu-se à morte de Zapata para dizer que Cuba “nunca ordenou o assassínio” de um opositor.

Aos 48 anos, o jornalista e dissidente cubano Guillermo Fariñas já esteve 23 vezes em greve de fome e passou 16 anos preso. Há uma semana que não come nem bebe e o seu estado de saúde tem vindo a deteriorar-se. As autoridades cubanas anunciaram que enviaram dois médicos para examinar Fariñas. “Encontraram-no muito desidratado e recomendaram a sua hospitalização”, disse à AFP o dissidente Francisco Chaviano, que se encontra em Santa Clara, a cerca de 280 quilómetros de Havana.

Para além de Fariñas, estão também em greve de fome dois outros opositores, Fidel Suarez, de 49 anos, e Nelson Molinet, de 45, detidos desde 2003 na região de Pinar del Rio, no Oeste de Cuba.

Fariñas disse ao "El País" que o seu objectivo é fazer com que o Governo cubano pague “um elevado preço político” pela morte de Zapata. Quer também que as autoridades libertem os presos políticos que se encontram doentes. E, se morrer, espera que o mundo saiba “que o Governo deixa morrer os opositores e o caso de Orlando não foi isolado”.

Os argumentos de Fariñas são contestados por Fidel Castro, que liderou o país até 2008, quando a presidência foi assumida pelo irmão, Raul Castro. “Cuba não ordenou o assassínio de nenhum adversário”, disse numa mensagem enviada à televisão nacional. Pouco depois, a televisão cubana difundiu, pela primeira vez, uma reportagem sobre a morte de Zapata, com entrevistas aos médicos que dizem ter feito tudo para salvar a vida do dissidente.

Após a morte de Zapata as forças de segurança cubanas realizaram pelo menos 126 detenções, segundo a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional.

Em Espanha, o Governo rejeitou uma proposta do Partido Popular para que fosse alterada a política em relação a Cuba e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Miguel Ángel Moratinos, considerou que o país deve “intensificar o diálogo” com a ilha. A política espanhola em relação à América Latina é “muito clara”, disse ao "El Mundo": “Ter o melhor nível de relação possível com todos, incluindo Venezuela e Cuba”.

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