BPN ocultou 129,5 milhões de venda de empresa no Brasil

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O BPN escusou-se a fazer comentários José Manuel Ribeiro/Reuters

Segundo os registos da Junta Comercial de São Paulo, a ERGI Empreendimentos era detida em 20 por cento pelo BPN e em 80 por cento pela Swiss Finance, uma 'off-shore' que o Banco de Portugal, numa carta remetida em Junho à administração do BPN, a que a Lusa teve acesso, identifica como pertencente à SLN (a proprietária do banco).

Um antigo responsável da SLN, que pediu para não ser identificado, confirmou à Lusa que a Swiss Finance é, de facto, uma das várias sociedades 'off-shore' controladas pelo grupo.

A ERGI foi vendida em Dezembro de 2006 ao grupo brasileiro WTorre, por 135 milhões de euros. Mas no relatório e contas desse ano, a administração do BPN refere um encaixe de apenas 5,5 milhões de euros com a operação, o que significa que os restantes 129,5 milhões de euros não foram incluídos nas contas do banco.

Além deste valor, entre 2003 e 2006 o BPN injectou um total de 242,2 milhões de euros na ERGI Empreendimentos, na forma de empréstimos concedidos pelo Banco Insular de Cabo Verde, uma instituição 'off-shore' que a SLN controlou de forma clandestina durante vários anos.

Os empréstimos concedidos à ERGI não chegaram a ser liquidados, pelo que deverão fazer parte dos cerca de 407 milhões de euros em crédito malparado que, segundo o Banco de Portugal, consta do balanço do Insular.

Segundo a Junta Comercial de São Paulo, o administrador da ERGI na altura da venda à WTorre era Jorge Vieira Lobo de Sousa, um cidadão português com residência em São Paulo. A Lusa tentou obter esclarecimentos junto do responsável, mas não foi possível.

Contactada pela Lusa, fonte oficial do BPN não quis fazer comentários.