Antiga fábrica da Bombardier na Amadora passa para as mãos da CP e recebe centro de inovação

A EMEF (empresa participada da CP) adquiriu, na passada sexta-feira, 40 por cento dos terrenos da antiga fábrica da Bombardier, na Amadora, por 6,05 milhões de euros.

O negócio foi agora consumado, três anos depois de a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, ter ameaçado expropriar aquelas instalações por falta de acordo com a multinacional canadiana que opera em vários sectores.

O processo de negociação acabaria por ser retomado e a compra só agora foi concretizada devido a dificuldades burocráticas relacionadas com o licenciamento dos pavilhões da fábrica, na Câmara da Amadora.

Para este novo espaço, a EMEF espera transferir em breve os seus serviços centrais (localizados num edifício no centro de Lisboa pelo qual paga 18 mil euros de renda por mês) e uma Unidade de Inovação Tecnológica, que até agora tem funcionado no Porto.

Para mais tarde, está prevista a criação de uma oficina de reparação de peças de parque e rotáveis, havendo também a possibilidade de, nas instalações da Amadora, se implantar uma linha para grandes recuperações de comboios.

A EMEF espera ainda ter como vizinha a Fergráfica, outra empresa do universo CP, que labora neste momento num edifício em Santa Apolónia e que poderá ser vendido - com evidentes mais-valias para a transportadora ferroviária - se as oficinas gráficas se mudarem para a Amadora.

Ainda assim, estes projectos não irão ocupar os sete hectares da antiga fábrica que agora passaram para a esfera pública, mas a EMEF (empresa que até está sobredimensionada em terrenos por dispor de oficinas e espaços desafectos de norte a sul do país) tem o problema resolvido porque, durante o próximo ano e meio, uma parte da fábrica irá estar esventrada para ali ser construída, a céu aberto, a estação do metro da Amadora.

O que está cada vez mais longe de se concretizar é a promessa do Governo de ali instalar um "centro tecnológico ferroviário" que inclui uma fábrica de vagões, como foi prometido, em Maio de 2007, pela secretária de Estado dos Transportes. Ana Paula Vitorino falava, então, numa cerimónia pública destinada a apresentar um investimento de 500 mil euros para "manter uma actividade ferroviária neste espaço com tradições muito fortes no sector".

A referida fábrica será, afinal, construída no Entroncamento, que tem mais espaço, pessoal qualificado e, por se situar no Médio Tejo, na região Centro. Dado este facto, beneficia de financiamento comunitário com mais facilidade do que na Amadora.

Da Bombardier e antiga Sorefame já nada resta naquela cidade desde que, há alguns meses, a parte restante da fábrica foi vendida por 9 milhões de euros ao vizinho do lado, a empresa Sotranco, que se dedica à produção de embalagens de vidro. Esta sociedade pretende ampliar as suas instalações, devendo ocupar aqueles terrenos.

Em Portugal, a Bombardier possui agora apenas massa cinzenta. Dos seus cerca de 100 quadros, metade trabalha em Guifões (concelho de Matosinhos), no projecto do Metro do Porto, e os restantes mudaram-se no início deste ano da Amadora para um edifício no Parque das Nações.

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