Um ano deprimente
O Syriza – O Syriza ganha as legislativas na Grécia com o extraordinário programa de acabar com a “austeridade” contra a Europa e contra os mercados. Sai do chão um ministro das Finanças, chamado Varoufakis, com um sobretudo preto de cabedal, que entusiasma as “Passionárias” da esquerda portuguesa e o dr. António Costa, secretário-geral do PS.
A TAP – Há, como de costume, uma grande gritaria para impedir a privatização da TAP. Parece que, embora endividada e sem futuro, essa agremiação é um símbolo da Pátria e da “diáspora” de milhares de indígenas, amigos do bacalhau e de Ronaldo. Ou seja, que continua a ser o Império de que fomos corridos. Aviões com nomes ridículos como “Miguel Torga” e “Fernando Pessoa” parecem consolar a populaça.
A Cozinha – O país perdeu a cabeça com a cozinha. Aparece um chef em cada canto, abre um restaurante em cada dia, com “especialidades” que não se recomendam e não se comem. Os jornais publicam centenas de páginas de receitas e fotografias de pratos muito apetitosos no papel. Apesar do turismo, as falências não param.
A Televisão – Os noticiários são um espectáculo vexatório. Andam entre o jornal “O Crime”, de abençoada memória, e a crónica dos desastres que vão acontecendo pelo mundo inteiro. De política nada, ou quase nada, excepto grupos de gente furibunda que berra todo o tempo para seu gozo pessoal. Fora isso, uma nova estirpe de comentadores de futebol, que fala horas inutilmente sobre coisas que não existem.
As romarias a Sócrates – Sem especial sucesso, levaram a Évora cavalheiros que julgávamos com algum juízo.
Eleições – Ninguém ficou satisfeito com elas. A direita declarou que as tinha ganho; a esquerda foi para o governo com o dr. Costa à frente. Cavaco, escondido em Belém, torceu e retorceu as mãos para no fim fazer o que era inevitável. Não se percebe como um homem daqueles dominou 20 anos de democracia. Talvez porque aprendeu com Marcelo Caetano a exibir uma pose de estadista superior e com o Banco de Portugal a não discutir as contas. Consta que em Fevereiro volta para o Algarve.
António Costa – Já distribuiu umas migalhas da mesa do convento, rezou o Padre-Nosso à loucura da esquerda e gastou uma quantidade descomunal de dinheiro para exorcizar o fantasma de Passos Coelho. Daqui a uns meses começa a conversa a sério.