Lobo Xavier e as provas na Caixa: "Estou consciente do que disse"

Centeno diz que a única promessa do Governo na CGD é a recapitalização. Lobo Xavier, que falou de outros "compromissos escritos", diz estar "perfeitamente consciente do que disse".

Foto
Miguel Manso

António Lobo Xavier, administrador não executivo do BPI e amigo de António Domingues, diz estar "surpreendido" com a reacção do Governo à sua declaração a explicar que existem "compromissos escritos" com a nova administração da Caixa - incluindo para a não apresentação de declarações de património no Tribunal Constitucional. "Fico surpreendido, neste nível em que estamos, que se faça tanta distinção entre compromissos de honra escritos ou orais. Mas estou perfeitamente consciente do que disse", afirma o advogado ao PÚBLICO, preferindo nada acrescentar para já.

Com António Domingues em silêncio, foi Lobo Xavier quem saiu em sua defesa, na Quadratura do Círculo da SIC. Na quinta-feira à noite, o advogado foi muito claro sobre o que aconteceu no Verão passado: “Havia uns senhores que tinham belíssimos lugares nos sítios onde estavam e foram desafiados pelo Governo para tratar da CGD. [Os gestores] Puseram as suas condições, como acontece sempre, e foi-lhes prometido, foi-lhes até escrito, foi-lhes até escrito”.

O Governo demorou algumas horas a reagir, deixando inclusivamente o PSD sem resposta quando Luís Montenegro deu "até ao fim do dia" para saber "sem margem para dúvidas" se existia ou não tal compromisso escrito. E só à tarde o ministro das Finanças referiu que o compromisso em relação ao banco é que ele se manterá público, “capitalizado de maneira a poder desempenhar o papel que tem de desempenhar no sistema financeiro e na economia portuguesa e um banco que seja competitivo”. Esse, disse Centeno, é o “único compromisso” assumido em relação à Caixa. E ainda reiterou: “As alterações legislativas que foram tomadas reflectem plenamente os acordos que foram feitos”. O PSD não disse, ainda, se considerava esclarecedoras as declarações.

Já há mais de uma semana o PÚBLICO tinha escrito que, na fase de negociações com o Governo, Domingues terá registado por escrito as suas condições para aceitar a presidência da Caixa. Mas Lobo Xavier foi o primeiro a confirmar essa informação "on the record". Nesta fase, Domingues optou pelo silêncio. E, ao que o PÚBLICO apurou, vai manter a estratégia definida: os administradores enviarão ao TC a justificação pela não entrega da declaração, possivelmente perguntando se há, ou não, abertura para as manter em segredo. Mas, ao contrário do que escrevia na sexta-feira o Jornal Económico, Domingues não terá mudado de posição: se o TC recusar a sua argumentação, o cenário mais provável é o de queda de toda a administração.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários