Cartas à Directora
Bacantes
Este lugar está apinhado de carpas, que se acercam a nós, beiços abertos, bocarras fundas, rapinando alimento.
Não, foi só um sonho menos bom. Desperto, reconsidero a irrealidade de um sonho mau.
Este lugar não está à cunha de peixes encantadores. Como se pode fazer uma conexão sináptica destas – excentricidades neuronais?
A realidade sim, está lotada de banqueiros, dos bons. Os que não o somos, azarucho nosso, contribuímos com gosto- de nos pudermos gabar, de boca cheia, pulmão feito – para alimentar esta incubadora de negócio, uma bela de uma start-up, estimulamos com o nosso consentimento, como se pede (diria melhor se obriga?) a vitalização moderna da nossa economia.
O Presidente não se cansou de dizer – na sua magistratura de influência - que o nosso futuro, a nossa diferenciação, era escancararmo-nos sem medos ao mundo? Pela iniciativa privada, pelas boas ideias, alavancas do desenvolvimento?
Tem mais do que razão sábia, apesar de ser mal-amado por alguns, que se desculpam nos seus sermões aos peixes - neste caso gado vacum - para rebaixar o saber de cátedra de um mestre longamente experimentado na mui nobre arte da banca.
Os do PSD, os do CDS, os do BE, os do PCP, as forças vivas e mortas em geral (incluindo todos nós), sempre fomos conhecedores da excelência desta classe, por isso, agora a exultamos tão nataliciamente.
Até já temos um depósito de crio-preservação de banqueiros – único no mundo. A qualquer momento, haja a necessidade, temos capacidade instalada de ressuscitar uns tantos e colocá-los onde necessário. No socorro de desvalidos, numa associação mutualista fenecente, onde fizer falta, porque brio e competência inquestionável para uma gestão de sucesso, é uma marca nossa.
Devemos lançar petardos de festa, sairmos todos à rua com aquelas coisas do carnaval que apitam e desenrolam uma língua do tamanho de um metro, histéricos de alegria.
Somos um povo abençoado, não é Montepio? E a caixinha geral, anda benzinho?
Luís Robalo, Lisboa
Vão ficar impunes?
Mais uma vez os contribuintes vão pagar as asneiras dos governantes. Pedro Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque e Carlos Costa são os grandes responsáveis pelo que aconteceu ao Banif já que embriagados pela vontade de vender urgentemente o Novo Banco não quiseram em Março passado vender o Banif, assim como nunca quiseram dizer a verdade sobre o sistema financeiro português. Mais uma vez se comprovou que a mentira foi sempre uma especialidade de alguns membros do anterior governo e do governador do Banco de Portugal. Porque havemos de ser mais uma vez nós, contribuintes, a pagar? Não seria justo exigir criminalmente responsabilidades pelo sucedido às pessoas acima referidas, uma vez que, para não comprometerem a legislatura fruto do uso da verdade, "esqueceram" os problemas do Banif, enganando tudo e todos? Não será possível a instauração de um processo crime contra aquelas pessoas por negligência com dolo?
Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora