Cardoso e Cunha quer congelar salários e reduzir pessoal na TAP

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A TAP vive um momento conturbado, às portas da privatização do "handling" e às portas de uma guerra no Médio Oriente PÚBLICO

Numa entrevista ao jornal interno da companhia, Cardoso Cunha diz que o "congelamento da massa salarial é fundamental para a sobrevivência da empresa", que gerou prejuízos de seis milhões de euros em 2002 e se encontra num sector fortemente dependente da estabilidade internacional, situação que está longe de acontecer neste momento. Esta semana deve ser decisiva para o desfecho da diplomacia internacional sobre a questão iraquiana e pode-se entrar numa nova fase de concretização dos desejos dos Estado Unidos, de intervir militarmente contra o Iraque. O responsável máximo da companhia, que foi indigitado pelo Governo e que não tem funções executivas, lembra que "nas companhias norte-americanas, em maiores dificuldades, houve até reduções de salários".

Sobre o problema antigo de falta de produtividade da empresa, associado ao excesso de pessoal, Cardoso e Cunha sustenta que há "claramente trabalhadores a mais para operar os aviões que tem", situação que poderá ser resolvida com a possibilidade de virem a ser procuradas novas rotas que tragam mais movimento à empresa.

O antigo responsável da Expo 98 afasta o cenário de despedimentos, mas apoia a continuação da estratégia de rescisão de contratos de comum acordo e a prática de reformas antecipadas, que já permitiram a saída de perto de mil funcionários nos últimos dois anos.

Para responder, de imediato, ao objectivo de redução de custos e de maximização das receita, Cardoso e Cunha considera positiva a recente aproximação entre a TAP e a PGA-Portugália e admite que o dinheiro da indemnização da Swissair — em virtude desta ter quebrado unilateralmente o acordo firmado com o Estado português para a compra de até 39 por cento do capital da TAP — nunca venha a entrar nos cofres da transportadora aérea portuguesa.

A dirigente do SITAVA — Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos, Luísa Ramos, em resposta à entrevista de Cardoso e Cunha, disse que os trabalhadores "estão prontos a travar as ‘tolices’ e as malfeitorias que o engº Cardoso e Cunha quer para a TAP".

Luísa Ramos, entrevistada pela TSF, reitera a sua oposição à privatização parcelar da companhia, retirando da TAP o sector "extremamente importante e complementar ao transporte aéreo", que é o "handling" e a manutenção.

Recuperando declarações do Presidente da República, a dirigente sindical diz que "nem tudo pode ser privatizável em Portugal e a TAP, companhia de bandeira, corre sérios riscos (...) se for por diante esta fúria privatizadora".

Lembrando o que sucedeu no processo Swissair, no qual o Governo, socialista, da altura depositou total esperança, Luísa Ramos recorda-se que também foi dito, "que ou se concretizava o negócio com a Swissair ou a TAP desaparecia. E o que se verifica hoje é que foi exactamente a não concretização da Swissair que nos leva a dizer que hoje mantemos a TAP, ao contrário da Sabena e da Swissair", que faliram.

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