Xi e Biden concordam em não ceder controlo nuclear à inteligência artificial

Presidentes da China e dos EUA encontraram-se em Lima, na cimeira da APEC. Xi Jinping garantiu que está pronto para trabalhar com Donald Trump.

Foto
Joe Biden e Xi Jinping encontraram-se em Lima, Peru, durante o Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico Leah Millis / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
03:05

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o homólogo chinês, Xi Jinping, concordaram no sábado, no Peru, em não ceder o controlo das armas nucleares à inteligência artificial (IA).

“Com base num diálogo franco e construtivo sobre a IA (...), os dois líderes afirmaram a necessidade de manter o controlo humano sobre a decisão de utilizar armas nucleares” e sublinharam "a necessidade de considerar cuidadosamente os riscos potenciais e desenvolver a tecnologia de IA no domínio militar de forma prudente e responsável’, referiu um comunicado da Casa Branca.

No início do encontro entre os dirigentes norte-americano e chinês em Lima, capital peruana, no encerramento da reunião de líderes do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), Xi Jinping garantiu que está pronto para trabalhar com o futuro Presidente dos EUA, Donald Trump, que toma posse a 20 de Janeiro.

Xi Jinping notou ainda que EUA e China devem "ter em mente o bem-estar dos dois povos e o interesse comum da comunidade internacional, tomar decisões sensatas, continuar a explorar a melhor forma de as duas grandes nações se entenderem e alcançarem uma longa coexistência pacífica”.

“Os Estados Unidos concluíram recentemente as suas eleições. O objectivo da China de uma relação estável, saudável e sustentável China-EUA não mudou”, disse Xi,

Shen Dingli, um académico de relações internacionais baseado em Xangai, disse à Reuters que a China pretende aliviar as tensões durante o período de transição. “A China não quer que as relações com os Estados Unidos entrem em turbulência antes da tomada de posse formal de Trump”, disse Shen.

Joe Biden falou sobre as “muitas horas” que passou nos quatro anos de mandato a falar com Xi e os progressos alcançados desde a última reunião em Woodside, Califórnia, no ano passado, em matéria de controlo de narcóticos, como o fentanil, e de comunicação militar. “Nem sempre estivemos de acordo, mas as nossas conversas foram sempre honestas e francas", disse Xi Jinping.

Os presidentes dos EUA e da China falaram também sobre a Coreia do Norte, um aliado da China, cujos laços cada vez mais estreitos com Moscovo e o envio de militares para a guerra na Ucrânia suscitaram preocupações em Washington, Pequim e nas capitais europeias.

“O Presidente Biden salientou que a posição declarada publicamente pela República Popular da China em relação à guerra na Ucrânia é que não deve haver escalada, nem alargamento do conflito, e que a introdução de tropas da República Popular Democrática da Coreia vai contra isso”, disse Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional, salientando que a China deve usar a sua influência para tentar evitar uma nova escalada ou uma nova expansão do conflito com a introdução de mais forças da Coreia do Norte.

Relativamente a Taiwan, os dois líderes mantiveram uma discussão acesa, com Biden a apelar ao fim da actividade militar “desestabilizadora” de Pequim em torno da ilha, segundo adiantou a Casa Branca.

Xi afirmou que as actividades separatistas “independentistas de Taiwan” do Presidente taiwanês Lai Ching-te são incompatíveis com a paz e a estabilidade na ilha, de acordo com uma nota emitida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Lai planeia fazer uma paragem no estado norte-americano do Havai e talvez em Guam, numa visita que certamente enfurecerá Pequim nas próximas semanas, informou a Reuters na sexta-feira.