Xi felicita Trump e pede “cooperação” entre EUA e China em vez de “confronto”
“Uma relação sino-americana estável, saudável e duradoura está em conformidade com os interesses comuns dos dois países e com as expectativas da comunidade internacional”, sublinha Presidente chinês.
O Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, felicitou Donald Trump pela vitória nas eleições presidenciais norte-americanas, apelando aos dois países para que “se entendam”, após anos de tensões bilaterais, informou a imprensa oficial chinesa esta quinta-feira.
“A História demonstra que a China e os Estados Unidos beneficiam com a cooperação e perdem com o confronto”, disse Xi ao Presidente eleito dos Estados Unidos, de acordo com a televisão estatal chinesa CCTV.
“Uma relação sino-americana estável, saudável e duradoura está em conformidade com os interesses comuns dos dois países e com as expectativas da comunidade internacional”, sublinhou o dirigente chinês, reagindo, pela primeira vez, à vitória do candidato republicano nas eleições de terça-feira.
Ao contrário do que aconteceu em 2020, quando Joe Biden derrotou Donald Trump, desta vez o Presidente chinês foi mais rápido a felicitar o vencedor. Nas eleições daquele ano, cujo resultado ainda é hoje contestado por Trump, Xi só assumiu a vitória do político democrata duas semanas depois da votação.
Durante a campanha para as eleições deste ano, tanto Trump e como a candidata democrata, Kamala Harris, prometeram conter a ascensão da China, o principal rival económico e geopolítico dos EUA das últimas e para as próximas décadas. O republicano disse mesmo que vai impor taxas de 60% sobre todos os produtos chineses que entram nos Estados Unidos.
Não obstante, Xi Jinping espera que os dois países “defendam os princípios do respeito mútuo, da coexistência pacífica e da cooperação vantajosa para todos”, segundo a CCTV.
Washington e Pequim devem “reforçar o diálogo e a comunicação, gerir adequadamente as suas diferenças, desenvolver uma cooperação mutuamente benéfica e encontrar forma correcta de a China e os Estados Unidos se entenderem nesta nova era, para benefício de ambos os países e do mundo”, acrescentou.
Xi Jinping e Donald Trump já se encontraram quatro vezes, incluindo numa visita do segundo a Pequim, em 2017, e o Presidente eleito dos EUA gabou-se recentemente de ter uma “relação muito forte” com o líder chinês.
Mas a vitória de Trump abre um período de incerteza para as relações sino-americanas, que foram fortemente abaladas durante o primeiro mandato do Presidente eleito (2017-2021), quando este desencadeou uma guerra comercial e tecnológica contra Pequim, que Biden prosseguiu, aumentando as tarifas sobre a importação de vários bens chineses, incluindo alumínio, aço, carros eléctricos, painéis solares, baterias, entre outros.
Para além disso, Trump foi um dos líderes mundiais que mais atacaram a China por causa da pandemia, responsabilizando directamente as autoridades chinesas pelas origens e pela propagação da covid-19, e recorrendo a termos xenófobos para falar do gigante asiático.
No seu discurso de vitória, na madrugada de quarta-feira, em West Palm Beach, na Florida, Trump referiu-se à China quando assegurou que os EUA “podem fazer coisas que mais ninguém pode fazer”: “A China não tem o que nós temos. Ninguém tem o que nós temos.”
A China já está a braços com uma recuperação pós-covid difícil, sobrecarregada com fracos níveis de consumo interno e uma grave crise imobiliária, com muitos promotores endividados e preços a cair a pique nos últimos anos.
Os principais dirigentes da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China, estão reunidos esta semana em Pequim, para elaborar um plano de relançamento económico.
Muitos analistas acreditam que a vitória de Donald Trump poderá levar os responsáveis chineses a reforçar este programa de medidas, nomeadamente para compensar as futuras taxas aduaneiras prometidas pelo republicano.