Príncipe William chega a África do Sul para viagem dedicada ao clima
Herdeiro britânico participará na cerimónia de entrega do prémio Earthshot, que atribui a cinco vencedores um milhão de libras para desenvolverem projectos que abordem as alterações climáticas.
O príncipe William aterrou, nesta segunda-feira, na Cidade do Cabo para uma viagem de quatro dias a África do Sul, onde se juntou a 120 jovens activistas ambientais de todo o continente africano a propósito do lançamento do Earthshot Prize Climate Leaders Youth Programme (Prémio Earthshot Programa para Jovens Líderes Climáticos, numa tradução literal), direccionado à faixa etária mais jovem. A cerimónia distingue projectos de protecção e defesa do meio ambiente de todo o mundo.
O herdeiro do trono britânico participará numa cimeira mundial sobre a vida selvagem e reunir-se-á com o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, durante a viagem, que é a sua primeira à África do Sul desde 2010. Na quarta-feira, fará ainda parte da cerimónia de entrega do prémio anual Earthshot, que atribui a cada um dos cinco vencedores um milhão de libras (cerca de 1,2 milhões de euros), para desenvolverem projectos que abordem as alterações climáticas e outras questões ambientais.
“Até ao final da semana, quero que o prémio Earthshot tenha proporcionado uma plataforma a todos os inovadores que estão a provocar mudanças nas suas comunidades, encorajado potenciais investidores a acelerar as soluções africanas e inspirado os jovens de toda a África que estão empenhados nas questões climáticas”, afirmou numa declaração à Reuters o príncipe de Gales, que está a fazer a viagem sozinho, uma vez que Kate ainda está a tentar regressar ao trabalho depois de terminar um ciclo de quimioterapia preventiva para o cancro.
O filho mais velho do rei Carlos lançou o prémio em 2020, inspirado por uma visita à Namíbia, através da sua Fundação Real, em 2020, para incentivar novas ideias para resolver problemas ambientais; o programa foi lançado em 2021. As três primeiras cerimónias de entrega dos prémios tiveram lugar na Grã-Bretanha, nos Estados Unidos e em Singapura.
O herdeiro britânico disse que queria que os prémios deste ano inspirassem os jovens envolvidos na acção climática em África, um continente com cerca de 1,5 mil milhões de pessoas que é o que menos contribui para o aquecimento global, mas que é especialmente vulnerável aos choques climáticos. De acordo com as Nações Unidas, a região da África Austral atravessa actualmente a pior crise de seca e fome das últimas décadas, com 27 milhões de pessoas gravemente afectadas.
Os prémios Earthshot são atribuídos em cinco categorias: protecção e recuperação da natureza, ar puro, revitalização dos oceanos, construção de um mundo sem resíduos e correcção do clima. Os finalistas deste ano incluem uma empresa no Quénia, que desenvolve sistemas de energia solar para casas; um grupo no Equador, que reúne comunidades indígenas para proteger as florestas; e um projecto de conservação no Cazaquistão, que está a salvar da extinção o antílope saiga, que se encontra em perigo crítico.
A cerimónia de entrega dos prémios terá lugar numa cúpula temporária e reutilizável, que foi erigida num campo junto a um estádio desportivo na Cidade do Cabo. A cúpula de 143 metros de comprimento já acolheu outros eventos na África do Sul e será desmontada para ser utilizada novamente após os prémios Earthshot, segundo os organizadores.
A visita surge numa altura em que as finanças de William e do seu pai, o rei Carlos III, estão sob escrutínio, na sequência de uma investigação levada a cabo pelo jornal The Sunday Times e pelo Channel 4 da televisão britânica. A investigação revelou que as suas propriedades privadas ganharam milhões de libras com o arrendamento de propriedades a entidades governamentais, incluindo as Forças Armadas, o Serviço Nacional de Saúde e escolas públicas.
As duas propriedades, o ducado de Lancaster do rei e o ducado da Cornualha do príncipe, possuem carteiras de propriedades comerciais, residenciais e agrícolas, que proporcionam rendimentos pessoais à realeza. O ducado de Lancaster respondeu dizendo que, embora o rei tenha interesse na propriedade, as operações quotidianas são supervisionadas por um conselho e executivos independentes. Já o ducado da Cornualha disse que a propriedade opera com um imperativo comercial “juntamente com o nosso compromisso de restaurar o ambiente natural e gerar um impacto social positivo para as nossas comunidades”.