Atrás de euros, PCC quer lavar dinheiro do crime na Europa, a começar por Portugal

Secretário de Segurança de São Paulo e diretor da Área de Inteligência, que passaram pelo Porto, dizem que maior organização criminosa brasileira opera em território luso por meio de testas de ferro.

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Primeiro Comando da Capital (PCC) está se infiltrando no mercado de cocaína da Europa por meio de Portugal Nuno Ferreira Santos
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O Primeiro Comando da Capital (PCC), maior organização criminosa brasileira, escolheu Portugal como porta de entrada para a Europa com o objetivo de espalhar os seus tentáculos e ampliar a lavagem de dinheiro obtido com o tráfico de drogas no Brasil. Quem garante é o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, que participou da conferência Segurança Urbana 5.0, realizada na cidade do Porto, na semana passada.

Segundo o secretário, o PCC pretende usar empresas portuguesas para a regularizar as verbas do crime. Os integrantes da organização acreditam ser possível adentrar o mercado lusitano sem alarde e, assim, criar uma infraestrutura que permita ao grupo fincar raízes em território europeu. Derrite esteve no Porto acompanhado do diretor do Centro de Inteligência da Polícia Militar do Estado de São Paulo, coronel Pedro Sousa Lopes, que afirmou que o número de criminosos do PCC em Portugal “ainda não é representativo, mas já existem registros deles no país”.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança assegurou que a identificação das movimentações do PCC em direção a Portugal começou “no entorno do Porto de Santos, de onde a droga é exportada para a Europa”. Diante desse quadro, tanto Derrite quanto o coronel Lopes reconheceram que será necessário a monitorização permanente dos representantes do PCC radicados em Portugal. "Somente assim se poderá travar a influência do grupo criminoso neste lado do Atlântico”, afirmou o secretário.

Moeda forte

Os negócios dos criminosos, no entender de Derrite, visam estabelecer “uma porta de entrada para distribuição de drogas na Europa, com uma moeda forte, como o euro, o que é muito mais lucrativo”. Mas ele diferencia as ações: “No Brasil, os criminosos são muito violentos, e, na Europa, onde desenvolvem a atividade de lavagem de dinheiro, com testas de ferro", operam sem chamar a atenção por meio de negócios que seriam lícitos, mas, na verdade, são controlados pela organização.

O coronel Lopes sublinha que o esforço da polícia “é tentar encontrar qual é a atividade econômica que os integrantes do PCC estão exercendo em Portugal”. Ainda que não haja uma mapeado efetivo, Derrite acrescenta que o poder financeiro dos criminosos “é avassalador” e que a cooperação é a forma de impedir a ampliação do tráfico no Brasil e em Portugal.

André de Oliveira Macedo, um dos líderes do PCC, que, na rede criminosa brasileira, é conhecido por André do Rap, esteve um ano escondido em Portugal. As autoridades brasileiras alertaram que ele poderá voltar ao país.

O diretor do Centro de Inteligência de São Paulo revelou que o criminoso circula por vários países. “A informação que tenho é a de que ele ficou pelo menos um ano em Portugal. Isso aconteceu há dois anos, mas ele tem migrado para vários países, e temos informações de que esteve, até o mês passado, na América Central”, detalhou.

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