Zelensky: sucesso do plano da vitória não depende da Rússia mas do apoio dos parceiros europeus

Presidente da Ucrânia veio a Bruxelas pedir aos líderes da União Europeia e aos aliados da NATO que acelerem os seus planos de assistência financeira e fornecimento de armas.

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O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, participou na reunião do Conselho Europeu a convite do seu presidente, Charles Michel OLIVIER HOSLET / EPA
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O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou, à entrada da reunião do Conselho Europeu, nesta quinta-feira, em Bruxelas, que o sucesso do “plano para a vitória” que desenhou para acabar com a guerra já no próximo ano “não depende da vontade da Rússia”, mas sim da vontade dos aliados ocidentais em intensificar o seu nível de apoio – militar, mas também financeiro.

“O nosso povo já está a fazer o mais difícil, que é defender não só a Ucrânia como também a liberdade da Europa”, lembrou Zelensky, resumindo numa frase o plano que veio apresentar em pessoa aos líderes europeus: “Fortalecer a Ucrânia”, nomeadamente com o aumento do apoio militar, a luz verde para os ataques no interior da Rússia, ou o convite incondicional para a adesão à NATO.

“O melhor deste plano é que não depende da vontade da Rússia para se tornar realidade, mas apenas da vontade dos nossos parceiros. É isso que nos dá uma oportunidade”, considerou o líder ucraniano, que veio pressionar os parceiros da UE, e também os aliados da NATO, a acelerarem os seus planos de assistência financeira e fornecimento de armas.

“O Inverno está aí à porta e temos de nos preparar para essa época que é sempre difícil. Fizemos o nosso trabalho de casa, mas estivemos muitos meses à espera de assistência militar e precisamos de dinheiro”, sublinhou o líder ucraniano, que pediu aos líderes para porem rapidamente em marcha o acordo que fecharam no G7 para um novo pacote macrofinanceiro que pode ascender a 50 mil milhões de dólares, garantido pelas receitas extraordinárias dos activos imobilizados da Rússia.

“Gostaria de falar sobre estes milhares de milhões provenientes dos activos russos, sobre a decisão que foi tomada no âmbito do G7, e sobre a necessidade de encontrar o mecanismo certo para que este dinheiro nos possa chegar o mais rapidamente possível”, disse Zelensky. “Neste momento, esta é a decisão política mais importante. E depende apenas da unidade dos líderes europeus”, vincou.

Ao seu lado, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, repetia que a União Europeia vai “permanecer ao lado da Ucrânia pelo tempo que for preciso” e garantia que na agenda da reunião estava uma discussão sobre a melhor forma de acelerar o apoio ao Governo de Kiev. “É preciso continuar a apoiar a Ucrânia de forma mais forte e mais rápida”, completou o alto representante para a Política Externa e de Segurança da UE, Josep Borrell, lembrando que a Rússia não deixou de ser “uma ameaça existencial para a Europa”.

Os Estados-membros já aprovaram legislação para contraírem um empréstimo até 35 mil milhões de euros para financiar as necessidades da Ucrânia. Mas a Hungria continua a bloquear a decisão de prolongar de seis para 36 meses o prazo do regime das sanções da UE contra a Rússia, ao abrigo do qual os bens do Banco Central e outros activos financeiros russos foram “congelados” pelos bancos europeus.

Uma vez que os Estados Unidos da América serão o outro grande contribuinte para este novo pacote de ajuda, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, quer fazer um compasso de espera até depois das eleições presidenciais, para confirmar o interesse do próximo ocupante da Casa Branca com este plano.

Além de discordar do reforço da assistência militar a Kiev – “estamos a perder esta guerra, essa estratégia não está a funcionar” –, o líder iliberal da Hungria também não está convencido com o plano de vitória de Zelensky. “Aquilo que já vi é mais do que assustador”, escreveu Orbán na sua página da rede social Facebook.

Para Viktor Orbán, em vez de mais armas, a UE devia estar a pensar em enviar emissários diplomáticos e mediadores políticos para resolver o impasse no terreno – como revelou, pretendia aproveitar a cimeira para tentar convencer o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e o Presidente francês, Emmanuel Macron, a avançar para negociações com Moscovo, “em nome de toda a UE” e tão depressa quanto possível.

À entrada para a reunião, o primeiro-ministro da Finlândia, Petteri Orpo, reconhecia que a conjuntura eleitoral nos EUA, bem como a actual fase de transição de mandato da Comissão Europeia, introduzia algum ruído na mensagem para Kiev. Por isso, considerava “essencial” que do Conselho Europeu saísse “um sinal forte e unificado de que continuamos a apoiar a Ucrânia, tanto quanto necessário e durante o tempo que for preciso”.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse que “Portugal está na linha da frente da política europeia de apoio às autoridades ucranianas para fazerem face a uma agressão injustificada da Rússia, de maneira a salvaguardar a Europa como um espaço de paz e de respeito pelo direito internacional”.

O chefe do Governo tem como “objectivo no horizonte” a integração da Ucrânia na União Europeia. “Nós contribuiremos, como já estamos a fazer, com o apoio económico e financeiro, do ponto de vista humanitário, e do ponto de vista político”, afirmou.

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