Instrução da Operação Pretoriano arranca sexta-feira com interrogatório a Fernando Madureira e mulher

Líderes da claque portista são os alegados “cérebros” de um esquema de violência e coacção contra apoiantes de André Villas-Boas. Fernando Madureira continua em prisão preventiva.

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Fernando Madureira será o primeiro interrogado nesta sexta-feira FERNANDO VELUDO / LUSA
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Quase nove meses após as primeiras detenções, a Operação Pretoriano chega agora à fase de instrução. É já nesta sexta-feira, 18 de Outubro, que Fernando Madureira, líder dos antigos Super Dragões, e a mulher, Sandra Madureira, vão ser ouvidos pelo juiz de instrução, apurou o PÚBLICO junto de fonte do processo. Ao contrário do que aconteceu nos primeiros interrogatórios, os magistrados começam pelos dois arguidos mais mediáticos, alegados impulsionadores de um esquema de violência e coacção durante a assembleia-geral (AG) extraordinária do FC Porto. A noite de 13 de Novembro de 2023 foi marcada por agressões e insultos dirigidos aos supostos apoiantes de André Villas-Boas, agora presidente do FC Porto.

Para a sexta-feira seguinte, 25 de Outubro, estão já agendados os interrogatórios de Carlos Nunes, José Pedro Pereira e Fernando Saul. O último é o antigo speaker do Estádio do Dragão e desempenhava funções como oficial de ligação aos adeptos. Após a noite de violência da AG, o funcionário "azul e branco" não voltaria a exercer funções no clube, sendo afastado em definitivo meses após os eventos.

Como o PÚBLICO noticiou após a acusação, este é apenas um dos três processos que visam Fernando Madureira. Além da violência na AG, as autoridades investigam ainda um alegado esquema que permitia ao líder dos Super Dragões lucrar com os bilhetes cedidos pelo FC Porto ao abrigo de um protocolo assinado com o grupo. Os proveitos serviriam para a família Madureira financiar um estilo de vida de luxo, com casas, carros potentes e férias em destinos paradisíacos. Por último, estão a ser ainda investigados os alegados artifícios fiscais usados para ocultar estes ganhos ilícitos. Ao contrário do que já aconteceu na Operação Pretoriano, os restantes processos não têm ainda acusação, estando na fase de investigação.

Dos 12 arguidos neste processo, Fernando Madureira é o único que continua em prisão preventiva. O Ministério Público sustenta que a libertação do antigo líder dos Super Dragões pode acarretar o risco de perturbação de inquérito, visto que se mantém a alegada rede de influência de que Madureira dispunha antes da detenção. Da lista de arguidos contam-se bastantes elementos com peso nos Super Dragões, como é o caso de Hugo Carneiro ("Polaco") e Carlos Nunes ("Jamaica").

Do rol de acusados, todos respondem pelos mesmos crimes: 19 de coacção agravada; sete de ofensa à integridade física no âmbito de espectáculo desportivo; três de atentado à liberdade de informação; um de instigação pública a um crime e outro de arremesso de objecto. Há ainda um dos arguidos que responde pelo crime de detenção de arma proibida.

O FC Porto avançou com um pedido de indemnização contra os arguidos, exigindo uma compensação de cinco milhões de euros por danos reputacionais. Este valor diz respeito apenas aos acontecimentos da AG, com a administração de André Villas-Boas a lançar uma auditoria forense à bilhética dos Dragões para apurar a verba total em que o clube terá sido lesado pelo alegado esquema de bilhetes da claque. Se se provar que o FC Porto perdia dinheiro com estas supostas práticas, pode juntar-se outro pedido de indemnização ao já avançado.

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