Operação Pretoriano: análise dos telemóveis motivou novos interrogatórios

Advogada de Vítor Catão diz que nova diligência é “expectável” neste processo. Fernando Madureira é o único arguido que continua detido e será interrogado na prisão.

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Assembleia-geral de 13 de Novembro foi marcada por confrontos Tiago Lopes/Arquivo
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Os arguidos da Operação Pretoriano têm sido novamente interrogados nos últimos dias, confrontados com novos factos recolhidos no âmbito do processo. Na base dos mais recentes pedidos de esclarecimentos estão novas mensagens e depoimentos de testemunhas, elementos que as autoridades julgam ser de vital importância para o caso. De acordo com informações recolhidas pelo PÚBLICO, as novas diligências prendem-se com as recentes peritagens aos telemóveis de alguns dos arguidos, apenas analisados nas últimas semanas pelas autoridades.

Vítor Catão foi um dos arguidos já ouvidos até ao momento, aguardando-se o interrogatório na prisão a Fernando Madureira, o ex-líder dos Super Dragões e o único dos arguidos que continua detido. Depois de inicialmente ter optado pelo silêncio, o conhecido adepto dos portistas com ligações à claque portista aceitou agora prestar declarações às autoridades.

“Acabou por prestar um outro esclarecimento, foram exibidas novas mensagens e depoimentos. Se há provas? Há indícios, as provas vão ser aferidas em tribunal”, afirmou Susana Mourão, advogada de Vítor Catão, junto ao Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto. A causídica considera este segundo interrogatório “uma diligência expectável” neste processo, com Vítor Catão a preferir não fazer declarações aos jornalistas.

Vítor Catão é suspeito de ter intimidado jornalistas e de agressões a sócios portistas nas imediações do Estádio do Dragão, na noite de 13 de Novembro de 2023. Nessa data, a assembleia-geral extraordinária agendada pelo FC Porto foi interrompida após desacatos e actos de violência que envolvem também Fernando Madureira, líder dos Super Dragões.

De acordo com informação avançada pelo Correio da Manhã, Vítor Catão acusa Adelino Caldeira, antigo vice-presidente do FC Porto, de conhecer o alegado plano de intimidação contra os sócios portistas. Esta foi uma das suspeitas no momento das buscas e detenções, depois do interrogatório a Henrique Ramos. O adepto foi agredido no pavilhão Dragão Caixa, implicando Adelino Caldeira nos incidentes de violência.

As autoridades suspeitam que existia um plano para calar a oposição a Jorge Nuno Pinto da Costa, então presidente do FC Porto. André Villas-Boas, dirigente dos “dragões” desde Abril passado, perfilava-se como candidato à presidência portista, recolhendo o apoio de muitos sócios.

Os Super Dragões, principal grupo de apoio ao FC Porto, tinha um protocolo assinado com a anterior direcção que conferia benefícios e facilidades nos jogos dos portistas. Benesses que a claque arriscaria perder caso Pinto da Costa fosse afastado do poder, tendo sido essa a génese do clima de intimidação vivido nessa reunião com os associados. Na assembleia-geral da polémica, seriam votadas alterações aos estatutos que dificultariam uma eventual transição de poder e reforçariam a influência da direcção de Pinto da Costa.

Por quererem garantir uma votação favorável à alteração estatutária, as autoridades acreditam que vários elementos dos Super Dragões entraram sem qualquer fiscalização no auditório onde decorria a reunião, posteriormente alterada para o Dragão Arena. A entrada foi facilitada pelos elementos de segurança, que não verificaram correctamente se os cartões de sócio apresentados correspondiam às pessoas que pretendiam entrar.

Foi "uma noite negra" na história do FC Porto, como muitos adeptos classificaram, e representou um ponto de viragem definitivo na direcção dos portistas. André Villas-Boas candidatar-se-ia às eleições portistas e venceria com mais de 80% dos votos, galvanizado por uma forte onda de apoio iniciada nessa noite.

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