Seis anos depois e ao som de Cher, anjos da Victoria’s Secret voltam à passerelle

O desfile desta terça-feira será transmitido em directo. É a primeira vez, desde 1995, que o cartaz de artistas do espectáculo é apenas composto por mulheres.

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Adriana Lima e outras modelos no desfile da Victoria's Secret em 2018 REUTERS/Mike Segar
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Os anjos da Victoria’s Secret vão regressar à passerelle nesta terça-feira, em Nova Iorque. Depois de um hiato de quase seis anos, a marca de roupa interior volta a organizar o célebre desfile de moda e traz nomes de peso. A desfilar, esperam-se supermodelos como Tyra Banks ou Adriana Lima, ao som de Cher.

O espectáculo está agendado para as 19h de Nova Iorque (1h em Portugal Continental), na mesma cidade onde o desfile se estreou, em 1995, no hotel Plaza. Antes de as modelos pisarem a passerelle, as celebridades convidadas vão posar para os fotógrafos na passadeira cor-de-rosa à porta do evento.

Depois, será hora de as modelos colocarem as asas e vestirem os conhecidos soutiens incrustados de pedraria. Entre o clã dos anjos, poderá haver surpresas (como a portuguesa Sara Sampaio), mas, para já, estão confirmadas Gigi Hadid, Paloma Elsesser, Imaan Hammam, Candice Swanepoel, Grace Elizabeth, Taylor Hill, Ashley Graham ou Jasmine Tookes. Em destaque, o regresso de Tyra Banks, que foi um dos rostos da marca nos anos 1990 e não desfila há mais de 20 anos.

Além das asas do clã de anjos e do Fantasty Bra de milhares de dólares, o espectáculo sempre foi conhecido pelos números musicais. No passado, chegaram a estar ao lado das modelos artistas como Rihanna, Taylor Swift, Justin Bieber ou as Spice Girls. Desta feita, o palco será de Cher. “É um mundo de mulheres, pelo que se compreende que não se pode ter um desfile de moda sem a mãe da moda”, confirmou a marca através das redes sociais.

Juntam-se a Cher outras jovens artistas como a sul-africana Tyla, conhecida pelo êxito Water, ou a tailandesa Lisa, parte do grupo sul-coreano Blackpink. É a primeira vez, em quase 30 anos, que o desfile contará apenas com mulheres nas performances musicais.

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Spice Girls no desfile de 2007 GABRIEL BOUYS/Reuters

Não se vendem bilhetes para o espectáculo que, tal como os desfiles nas semanas de moda, só é acessível por convite para celebridades ou pessoas que trabalhem em moda. Contudo, será possível acompanhar através das redes sociais da Victoria’s Secret ou da plataforma de streaming Amazon Prime, disponível também em Portugal.

Resta saber se o desfile terá um novo formato mais aberto à diversidade, depois de o espectáculo ter sido cancelado em 2019 fruto de críticas por falta de inclusão e como “reflexo de uma evolução de marketing”, justificou a empresa. “O Victoria's Secret Fashion Show de 2024 vai oferecer precisamente o que os nossos clientes têm pedido — o glamour, a passerelle, a moda, a diversão, as asas, o entretenimento — tudo através de uma lente poderosa e moderna que reflecte quem somos hoje”, anunciou a marca em Maio.

Em 2019, a L Brands, então dona da Victoria’s Secret, debatia-se com uma série de problemas, incluindo a queda das vendas da roupa interior, considerada demasiado cara, a pressão dos investidores e as críticas crescentes face à imagem desactualizada, que não incluía todos os tipos de corpos.

Em 2021, o grupo dividiu-se em duas marcas: Bath & Body Works e Victoria’s Secret. Mas as vendas continuaram a cair e, em Junho desse ano, anunciaram que as modelos iam dar lugar a activistas, entre elas a futebolista norte-americana Megan Rapinoe ou a actriz e empresária Priyanka Chopra Jonas.

Todavia, a estratégia nunca passou de marketing e não foi realmente concretizada. Em 2023, a empresa organizou apenas um evento ligado ao documentário Victoria’s Secret World Tour, que estreou na Amazon Prime, onde recordavam os tempos áureos dos primeiros desfiles.

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Tyra Banks Jeff Christensen/REUTERS
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Sara Sampaio em 2013 LUCAS JACKSON/Reuters

A marca tem lutado por trazer de volta a febre que se gerava em torno do clã de anjos, como chamavam às modelos oficiais da marca, e onde se incluía a portuguesa Sara Sampaio, ao lado de Candice Swanepoel, Jasmine Tookes ou das brasileiras Adriana Lima e Alessandra Ambrósio. “No final de contas, não estamos ali a vender um padrão de beleza. Estamos a vender lingerie”, defendia a supermodelo portuguesa em entrevista ao PÚBLICO em Junho de 2023.

Nessa altura, Sara Sampaio não demonstrava vontade de regressar ao posto, apesar de reconhecer que, nos anos 2000, “ser um anjo da Victoria’s Secret era o Evereste de ser manequim”. E confessava: “Não teria a carreira que tive, se não fosse por eles.”

Também Alessadra Ambrósio partilhava da mesma perspectiva, depois de ter ocupado o lugar de “anjo” durante 17 anos. “Não quero ficar presa ao passado”, dizia ao PÚBLICO em 2022. Ainda assim, a passerelle desta terça-feira pode reservar algumas surpresas.

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