Rendas aumentam 7,18% em Setembro, ao ritmo mais acelerado em 30 anos

Valor médio das rendas habitacionais de todos os contratos em vigor aumentou 7,18% em Setembro, a subida mais elevada desde Dezembro de 1994. Preços aumentaram em todas as regiões do país.

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Na última manifestação organizada pela plataforma "Casa Para Viver", milhares de pessoas saíram à rua em luta pelo direito à habitação Nuno Ferreira Santos
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Numa altura em que as rendas já estão em níveis historicamente elevados, apesar das ligeiras quedas registadas no arranque deste ano, os valores continuam a aumentar a ritmo acelerado. Em Setembro, voltaram a subir acima de 7% e não houve nenhuma região do país onde se tenha registado uma quebra.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 10 de Outubro, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que indica que, em Setembro deste ano, o índice de preços das “rendas efectivas pagas por inquilinos” aumentou 7,18% em relação a igual período do ano passado.

É preciso recuar quase três décadas, até Dezembro de 1994, para encontrar uma subida tão acentuada deste indicador na série estatística do INE (que, para efeitos de medição da inflação, considera o valor médio das rendas por metro quadrado de todos os contratos em vigor, e não o valor mediano das rendas de novos contratos de arrendamento, como acontece na análise trimestral mais aprofundada que faz ao mercado de arrendamento).

O INE dá ainda conta de que “todas as regiões apresentaram variações homólogas positivas das rendas de habitação, tendo a Madeira registado o aumento mais intenso”, de 7,7%.

Já em relação ao mês anterior, o valor médio das rendas habitacionais aumentou em 0,4%, uma variação idêntica à que já tinha sido registada em Agosto. “As regiões com a variação mensal positiva mais elevada foram o Centro e os Açores (0,5%), não se tendo observado qualquer região com variação negativa do respectivo valor médio das rendas de habitação.”

Esta evolução é registada numa altura em que os valores das rendas já estão em níveis recorde, para além de se preverem novos aumentos no próximo ano. Em 2025, os senhorios poderão actualizar as rendas actualmente em vigor num máximo de 2,16%, tendo em conta os dados da inflação que foram apurados no passado mês de Agosto.

Nos últimos dois anos, perante os elevados níveis de inflação e o impacto desse indicador sobre as rendas habitacionais, o Governo de António Costa lançou medidas que procuraram mitigar esse efeito – primeiro, em 2023, determinando que as rendas só poderiam ser actualizadas num máximo de 2%, em vez da actualização de 5,43% que teria lugar, se a lei tivesse sido cumprida tal como está redigida; depois, em 2024, através do reforço do apoio extraordinário à renda, para compensar a actualização de 6,94% que pôde ser feita este ano.

Já para 2025, não há, para já, quaisquer indicações de que sejam criados apoios para atenuar o impacto da actualização de rendas. Questionado pelo PÚBLICO no mês passado, o Governo disse apenas estar “a analisar o assunto”.

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