BE entrega petição para tirar bandeira portuguesa do navio com explosivos para Israel

Mariana Mortágua exigiu que o Governo retire a bandeira portuguesa do navio e que Paulo Rangel explique porque é que “não admitiu desde logo” a informação sobre o barco.

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A coordenadora do Bloco de Esquerda entregou as assinaturas no Conselho de Ministros JOSÉ SENA GOULÃO / LUSA
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O Bloco de Esquerda entregou esta segunda-feira uma petição com três mil assinaturas no edifício do Conselho de Ministros a exigir a retirada da bandeira portuguesa do navio MV Kathrin que transporta explosivos que serão enviados para Israel. "Paulo Rangel ficará conhecido como o barqueiro das bombas que estão a fazer o genocídio em Gaza, o massacre do povo palestiniano", acusou Mariana Mortágua, à porta do edifício, rodeada de militantes bloquistas.

A líder do BE alertou que "em nome da sua ajuda e da sua cumplicidade com o regime de Netanyahu", "Portugal poderá vir a ser acusado futuramente na justiça internacional por cumplicidade com o genocídio, por ter incumprido as regras com as quais concordámos de não enviar armas para Israel" e explicou que a petição serve para "garantir que isso não aconteça".

Para Mortágua, esta não é apenas uma questão moral e política, mas também legal, já que "o direito internacional aplica-se em Portugal" e impede o país de "patrocinar o envio de armas que estão a servir o genocídio de Israel contra o povo palestiniano". "A decisão que este Governo está a tomar é colocar em risco a situação portuguesa perante a justiça internacional", vincou.

Questionada sobre se teme que a entrega da petição seja tardia, Mortágua considerou que, "ao que parece, Paulo Rangel está mesmo à espera que este material seja usado em bombas que estão a matar civis inocentes e crianças na Palestina", considerando "incompreensível a posição" do Governo. Mas assegurou que "ainda é tempo" de retirar a bandeira.

"Paulo Rangel tem uma coisa a fazer que é retirar a bandeira portuguesa do navio", insistiu a bloquista, que exigiu ainda que o ministro dos Negócios Estrangeiros explique no Parlamento "porque é que não admitiu desde logo que o navio levava armas, se destinava a Israel, tinha bandeira portuguesa" e porque é que "não retirou a bandeira".

O tema do navio MV Kahtrin foi primeiramente levantado pelo BE, que remeteu uma série de questões ao Ministério dos Negócios Estrangeiros no final de Agosto a inquirir se existia efectivamente um barco com bandeira portuguesa a transportar armas para Israel e se o Governo ia proibir que qualquer navio com pavilhão português transporte armas, munições e equipamentos militares para Israel.

Em entrevista ao PÚBLICO, o chefe da diplomacia portuguesa esclareceu que o barco se dirige à Eslovénia e a Montenegro e que transporta "material explosivo" que, posteriormente, será entregue a empresas de fabrico de armamento em Israel, Polónia e Eslováquia, sendo que metade desse material seguirá para o país de Netanyahu.

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