Estátuas em Londres ganharam um bebé num marsúpio para pedir aumento da licença parental

“A nossa intenção era que fosse uma visão positivamente provocadora”, declara George Gabriel, um dos fundadores do movimento Dad Shift, que pede o aumento da licença parental no Reino Unido.

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A estátua de John Seward Johnson a apanhar um táxi Instagram/The Dad Shift
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A estátua de Gene Kelly na Leceister Square, em Londres Instagram/The Dad Shift
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Quem passou pela Leicester Square ou pelo estádio do Arsenal, em Londres, no início desta semana notou algo de diferente. As estátuas de homens emblemáticos por toda a cidade ganharam um novo adereço nos últimos dias: bebés presos em marsúpios. A iniciativa quer chamar atenção ao Governo britânico para melhorar a licença de paternidade na Grã-Bretanha — actualmente a mais pequena de toda a Europa, queixam-se.

O grupo de activistas Dad Shift, liderado por George Gabriel e Alex Lloyd Hunter, atou bebés de brincar a estátuas de personalidades como o engenheiro Isambard Kingdom Brunel, os actores Laurence Olivier e Gene Kelly ou dos jogadores de futebol Thierry Henry e Tony Adams. O objectivo é alertar para a importância dos laços entre pai e bebé, declaram.

As figuras históricas transformam-se com esta nova versão — todos eles foram pais em tempos. Na estação de Paddington, Isambard Kingdom Brunel, que teve três filhos, parecia um pai sentado com o filho à espera do comboio, enquanto John Seward Johnson — uma estátua feita em 1983 — parecia apressado para apanhar um táxi.

“Muitas pessoas pararam para tirar fotografias; as pessoas responderam de forma muito calorosa. A nossa intenção era que fosse uma visão positivamente provocadora”, declara George Gabriel citado pelo The Guardian. “As mulheres são frequentemente questionadas sobre as suas vidas como esposas, mães e filhas, enquanto as figuras masculinas na vida pública não são frequentemente convidadas a partilhar essa parte de si próprias”, queixa-se.

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Estátua de um trabalhador em Londres Instagram/The Dad Shift
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Isambard Kingdom Brunel na estação de Paddington Instagram/The Dad Shift

O Reino Unido oferece apenas duas semanas de licença de paternidade paga quando nasce um filho — cada semana é remunerada a 184 libras (218 euros). Consequentemente, uma em cada três famílias do país opta por não usufruir da licença de paternidade, detalhou no ano passado uma sondagem da YouGov. E uma em cada duas famílias que opta por usufruir da licença relata, como consequência, sofrer dificuldades financeiras.

O plano do grupo Dad Shift é entregar uma carta aberta ao primeiro-ministro, Keir Starmer, no final deste mês, onde pedem uma revisão “urgente” da licença. “Uma licença parental adequada para pais e é boa para as mães, boa para os bebés, boa para os pais e boa também para a sociedade”, declaram no site da iniciativa.

E argumentam: “Os países com seis ou mais semanas de licença de paternidade têm uma diferença de remuneração entre homens e mulheres 4% menor e uma diferença de participação na força de trabalho 3,7% menor, o que significa que a mudança pode ajudar a fazer crescer a economia e, ao mesmo tempo, ajudar as famílias britânicas.”

Apesar de não definirem um período de licença de paternidade ideal, pedem uma opção “que seja acessível para as pessoas, que proporcione um período de tempo substancial e que apoie a igualdade entre os pais”.

Antes das eleições de Julho, o Partido Trabalhista prometeu que o novo Governo iria “rever o sistema de licença parental, para que este apoie melhor as famílias trabalhadoras, no seu primeiro ano de governo”.

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Estátua de Thierry Henry Instagram/The Dad Shift

Em Portugal, após o nascimento de um filho, os pais têm direito a uma licença parental inicial que podem partilhar; depois de cumpridos os períodos obrigatórios (42 dias para a mãe e 28 dias para o pai, que têm de ser gozados nos 42 dias após o nascimento e em simultâneo com a mãe). A partilha tem várias modalidades, às quais corresponde um subsídio que é majorado em função do tempo que o pai passa em exclusivo com a criança.

Uma primeira modalidade é a licença partilhada de 150 dias, em que o pai tem de ficar, pelo menos, 30 dias em exclusivo com o bebé e cujo subsídio corresponde a 100% da remuneração de referência. A segunda modalidade é a licença de 180 dias paga a 83%, desde que o pai fique, no mínimo, 30 dias sozinho com o filho. E a terceira, introduzida com a Agenda do Trabalho Digno, prevê também 180 dias, mas pagos a 90% se o pai ficar 60 dias, no mínimo, em exclusivo com a criança.

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