Regresso à escola: Tempo de repensar o horário dos mais novos

As crianças têm cada vez menos tempo para brincar, uma vez que possuem agendas assoberbadas de atividades extracurriculares e de deveres escolares.

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"Brincar é a atividade mais importante que a criança faz" Cottonbro studio/pexels
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Neste momento em que estamos a iniciar um novo ano letivo e que os mais novos se preparam para retomar as atividades escolares e extraescolares em todo o país, proponho uma reflexão sobre os horários dos mais novos.

Na maioria das escolas, as aulas iniciam às 8h e terminam às 18h. Por isso, se pararmos para pensar concluímos que a maioria das nossas crianças passa mais tempo diário na escola do que os próprios pais no trabalho.

A oferta curricular que contempla um horário mais alargado, oferecendo atividades que enriquecem o currículo, derivou da necessidade de apoio às famílias, já que os pais vão trabalhar e não têm onde deixar os filhos. Trata-se, portanto, de uma forma de auxiliar as famílias garantindo que as crianças têm um local seguro para permanecer durante o período laboral dos pais.

Em Portugal, o conceito de Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) foi aplicado e desenvolvido em diferentes épocas nas diferentes regiões do país. Pode-se constatar que na Região Autónoma da Madeira já existe a Escola a Tempo Inteiro desde 1995. Na Região Autónoma dos Açores, começou a ser aplicada de forma gradual a partir de 2002. Em Portugal Continental foi em 2005 que se introduziu este conceito.

Atualmente, em todo o país são oferecidas atividades de enriquecimento curricular num horário mais alargado. Contudo, apesar destas atividades terem surgido de uma necessidade da sociedade atual seria importante que se repensasse o tempo livre que as nossas crianças têm. O que se pode constatar é que as crianças têm cada vez menos tempo para brincar, uma vez que possuem agendas assoberbadas de atividades extracurriculares e de deveres escolares.

Os agrupamentos de escolas procuraram dar a melhor resposta possível a esta necessidade, no entanto estas atividades, nem sempre seguem o melhor planeamento. As escolas em todo o país oferecem AEC diversificadas, nomeadamente: Inglês, Tecnologias de Informação e Comunicação, Atividade Desportiva, Musical, Dramática, Plástica, entre outras. Contudo, de acordo com alguns estudos realizados no nosso país, verifica-se que existe uma excessiva escolarização das atividades referidas o que, na minha opinião, deveria implicar uma reflexão dentro das escolas.

A aposta deveria recair sobre a adequação destas mesmas atividades às necessidades das crianças e não uma mera extensão do currículo que é trabalhado durante o período curricular. Ou seja, o mais correto seria repensar a oferta e apostar nos momentos de lazer, aproveitando o que a Natureza e os espaços ao ar livre têm de bom para potenciar o desenvolvimento das crianças.

Consciente dos benefícios que a brincadeira livre traz para o desenvolvimento holístico e integral da criança, considero que é importante questionar sobre quando é que, efetivamente, as nossas crianças têm tempo livre!

Será que o caminho mais correto é apostar num horário que preenche o dia das crianças com atividades e tarefas organizadas e estruturadas, sabendo que brincar é a atividade mais importante que a criança faz e que a ajuda crescer e desenvolver-se quer a nível pessoal como social?


A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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