Como interpretar o comportamento dos gatos no veterinário

Antes da manipulação do animal, o veterinário deve avaliar a linguagem corporal, a orientação das orelhas, abertura dos olhos e tamanho da pupila, posição da cauda e a postura corporal.

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Como interpretar o comportamento dos gatos no veterinário Inge Wallumrød/Pexels
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Durante muito tempo, a medicina felina foi considerada o “parente pobre” da medicina veterinária e os gatos eram tratados como cães de pequeno porte. Muitos médicos veterinários temiam, inclusive, as consultas com pacientes felinos por considerarem que estes animais eram traiçoeiros. A evolução dos tempos e o aumento do número de gatos nas consultas tem ajudado a compreender cada vez melhor a natureza destes felinos e tratá-los como a espécie individual que são.

A visita a um médico veterinário vai ser um momento de stress para o gato. O ambiente hospitalar tem tendência a despoletar a sensibilidade dos sentidos felinos, em particular o olfacto apurado, que vai detectar os odores desconhecidos deixados por outros gatos em stress ou as soluções de lavagem usadas para eliminar estes odores. A par disto, os gatos têm de lidar com sons intensos e desconhecidos, movimentos súbitos, objectos novos, o aproximar de estranhos, quer sejam humanos ou outros animais.

Em ambientes desconhecidos, estes animais são particularmente propensos a manifestar medo com uma libertação quase imediata de adrenalina e congelam (freeze), fogem ou lutam, ainda que esta última resposta seja mais rara. Ao sentirem-se encurralados ou confinados, os gatos evitam os indivíduos desconhecidos e adoptam comportamentos característicos de presa com tendência para a fuga, bem como reacções de defesa.

Estas reacções, tipicamente vistas como agressividade, podem ser secundárias ao medo, nomeadamente se o gato tiver a sensação de que não tem controlo sobre o ambiente ou se estiver mal socializado. A agressividade pode ainda ser consequência de dor, muitas vezes difícil de detectar, dado que falamos de animais que não a demonstram facilmente. Na realidade, um gato que mostre um comportamento agressivo em ambiente hospitalar pode não o ser.

As expressões faciais

Os gatos comunicam através de posturas corporais e expressões faciais, que apesar de subtis, podem dar informações ao médico veterinário sobre como agir e reduzir comportamentos agressivos, tornando a consulta ou o procedimento menos stressante para o animal, para a equipa veterinária e até para o cuidador. Por isso, em ambiente de consulta, e antes da manipulação do animal, o veterinário deve avaliar a linguagem corporal, nomeadamente a orientação das orelhas, abertura dos olhos e tamanho da pupila, posição da cauda e a postura corporal do felino.

Quando estão relaxados, os gatos têm tendência a explorar o ambiente, expondo o seu corpo, com o pescoço esticado e a cabeça levantada, os olhos abertos e as pupilas não dilatadas, as orelhas erectas e viradas para a frente e a cauda levantada ou solta atrás do corpo.

Os felinos amedrontados manifestam tensão e tentam parecer mais pequenos, através de uma postura agachada, cabeça baixa e evitam contacto ocular directo; baixam e escondem a cauda e achatam as orelhas. Sendo incapazes de fugir, podem bufar e reagir agressivamente. Outros podem tentar parecer maiores, adoptando a postura de gato assanhado, em que se colocam em pontas dos dígitos, com a cauda esticada, as costas arqueadas e o pelo eriçado.

Descontrair o animal com guloseimas

O médico veterinário pode recorrer a uma abordagem farmacológica para mitigar o stress no gato tornando a experiência o menos negativa possível, mas muito antes disso, há outras medidas de gestão do stress a ter em conta.

O exame físico deve ser feito num local onde o animal se sinta mais seguro. Se deixarmos o gato sair sozinho da transportadora saberemos qual é. Se tal não se verificar, o exame deve ser realizado na parte inferior da transportadora. No caso de gatos muito assustados, podemos optar por diminuir as luzes e tapar o gato com uma toalha, dentro da transportadora.

Terminado o procedimento mais complexo, devemos deixar o animal descontrair e recompensar o comportamento com guloseimas ou massagens entre os olhos e as orelhas e na zona do queixo e pescoço. Os comportamentos indesejados devem ser ignorados e o gato não deve ser punido verbal ou fisicamente, tendo em conta que aumenta a ansiedade e pode até escalar até à agressividade.

É importante reforçar que os animais aprendem com a experiência e no caso dos gatos não é diferente. Uma única visita a um médico veterinário pode ter um impacto a longo prazo no comportamento do animal. O papel dos profissionais é fundamental para diminuir sinais de stress nos nossos queridos animais e deixá-los confortáveis em contexto de consulta.

Feliz Dia do Gato!

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