Macron pede a Attal que permaneça na chefia do Governo e assegure “a estabilidade”

Nova Frente Popular francesa vai propor candidato a primeiro-ministro até ao final da semana. E defende que Macron deve admitir a derrota.

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Gabriel Attal falou ao país no domingo, depois de serem conhecidas as primeiras projecções Guglielmo Mangiapane / REUTERS
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Conhecidos os resultados oficiais das eleições parlamentares em França, depois de uma noite que foi de explosão de alegria de uns e de um misto de desilusão e incredulidade para outros, o primeiro-ministro, Gabriel Attal, apresentou nesta segunda-feira a sua demissão a Emmanuel Macron. Como esperado, o Presidente pediu-lhe que ficasse no cargo, “de momento”, para “assegurar a estabilidade do país”, e vai agora permanecer em silêncio, preparando-se para viajar na terça-feira para Washington, onde vai participar na cimeira da NATO.

Macron, anunciou o Palácio do Eliseu, tomará as “decisões necessárias” quando a nova Assembleia Nacional estiver estruturada”. Marine Tondelier, líder dos Verdes, defendeu que o Presidente “deve pedir oficialmente hoje à [coligação de esquerda] Nova Frente [Popular, NFP] que lhe indique um nome para primeiro-ministro”, lembrando que “essa é a lógica institucional”: "Será que ele o vai fazer? Será que não? Como este Presidente é sempre cheio de surpresas, veremos, mas essa é a lógica institucional", disse, entrevistada pela televisão RTL.

Depois de “um resultado que muitos diziam impossível”, como afirmou ainda no domingo à noite Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, principal partido da NFP, os dirigentes das várias forças que constituem esta aliança têm-se desdobrado em declarações. Com 182 deputados eleitos, a coligação formada depois de Macron ter dissolvido a Assembleia surge como "única alternativa credível", sublinhou Olivier Faure, líder do Partido Socialista, ouvido pela rádio pública France Info. O seu objectivo, afirmou, é que a NFP consiga “propor uma candidatura” entre o meio e fim desta semana.

Pessoas reagem após os resultados do segundo turno das eleições legislativas francesas na Place de la Republique em Paris, França, 7 de julho de 2024. YOAN VALAT/EPA
Jean-Luc Mélenchon, líder do partido de oposição de extrema esquerda francês França Insubmissa, e membro da aliança de partidos de esquerda, chamada Nova Frente Popular, acenou aos apoiantes após resultados parciais no segundo turno das eleições parlamentares francesas antecipadas Yara Nardi/REUTERS
Pessoas reunidas na Place de la Republique após resultados parciais no segundo turno das eleições parlamentares francesas antecipadas, em Paris. Yara Nardi/REUTERS
Marine Tondelier, Secretária Nacional do partido Les Ecologistas (Os Ecologistas - Verdes) e membro da aliança de partidos de esquerda, a Nova Frente Popular - NFP, reage saber os resultados parciais Abdul Saboor/Reuters,Abdul Saboor/Reuters
Apoiantes do partido francês França Insubmissa reagem após resultados parciais no segundo turno das eleições parlamentares francesas antecipadas na Place Stalingrad, em Paris Yara Nardi/REUTERS
Uma eleitora numa seção eleitoral durante o segundo turno das eleições parlamentares francesas em Le Touquet-Paris-Plage, norte da França MOHAMMED BADRA / EPA
Pessoas reagem ao anúncio da vitória eleitoral parlamentar da Nova Frente Popular, uma coligação de partidos de esquerda franceses, num bar no centro de Marselha, sul de França, 07 de julho de 2024. TERESA SUAREZ/Epa
Pessoas reagem ao anúncio da vitória eleitoral parlamentar da Nova Frente Popular Yara Nardi/REUTERS
Pessoas reagem ao anúncio da vitória eleitoral parlamentar da Nova Frente Popular TERESA SUAREZ/EPA
Reacção de Jordan Bardella aos primeiros resultados das eleições francesas Kevin Coombs/reuters
Marine Le Pen fala aos jornalistas após serem conhecidos os resultados preliminares do segundo turno das eleições legislativas francesas CHRISTOPHE PETIT TESSON/epa
Manifestante agita uma bandeira francesa em Paris. Milhares de pessoas reuniram-se após serem conhecidos os resultados Abdul Saboor/Reuters
Fogo-de-artifício pintou os céus de Paris na noite deste domingo Abdul Saboor/Reuters
Gabriel Attal, primeiro-ministro francês, apresentou a demissão ao Presidente. Emmanuel Macron pede-lhe que permaneça no cargo "por enquanto" Guglielmo Mangiapane/Reuters
Jean-Luc Mélenchon, líder do partido de extrema-esquerda França Insubmissa, que faz parte do bloco da Nova Frente Popular, diz estar pronto para governar ANDRE PAIN/epa
Manifestação em Nantes após serem conhecidos os resultados Violeta Santos Moura/Reuters
Pessoas reagem ao anúncio da vitória eleitoral parlamentar da Nova Frente Popular YOAN VALAT/Epa
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Pessoas reagem após os resultados do segundo turno das eleições legislativas francesas na Place de la Republique em Paris, França, 7 de julho de 2024. YOAN VALAT/EPA

Os resultados da segunda volta mostram “uma clara rejeição do campo presidencial”, disse ainda Faure, pedindo ao chefe de Estado que "reconheça" a sua derrota. "Foi por termos apelado a uma frente republicana na segunda volta e ao sacrifício dos nossos candidatos" que a União Nacional [RN] não teve maioria”, afirmou, sem deixar de lembrar que nem todos os deputados apoiados por Macron desistiram das suas candidaturas nos círculos em que estavam em terceiro lugar e onde o seu abandono ajudaria a evitar a vitória da direita radical e extrema de Marine le Pen e de Jordan Bardella.

De acordo com os resultados finais, o Juntos, formado pelo campo presidencial, obteve 168 lugares na Assembleia de 577 deputados. Em terceiro lugar, surge a União Nacional e os seus aliados (a facção d’Os Republicanos que manifestou o seu apoio ao partido), com 143 eleitos, muito menos do que era estimado por todas as sondagens, que previam a vitória do partido (que tinha sido o mais votado na primeira volta). Os Republicanos somam 46 e, entre os restantes, há 14 deputados de direita e 13 de esquerda.

“Os franceses cumpriram o prometido, por isso não vamos passar meses e meses num estado de instabilidade”, disse Tondelier, questionada sobre o tempo que levará a NFP a decidir o nome de um candidato. Apesar de admitir que nomear um primeiro-ministro "não vai ser fácil", a ecologista também defende que isso terá de acontecer em poucos dias: “O melhor método é o consenso, encontrando colectivamente soluções inteligentes.”

Depois de duas reuniões ainda no domingo à noite, os dirigentes da NFP voltarão a reunir-se nesta segunda-feira.

Como já afirmara antes da segunda volta, Tondelier sublinhou que "um bom primeiro-ministro deve apaziguar o país”, pelo que “não vai ser Mélenchon”, mas não é por isso que França Insubmissa não será “essencial” para formar uma maioria na Assembleia Nacional. "Aqueles que nos dizem que vão formar uma maioria sem o LFI [FI] não tiveram os mesmos professores de Matemática que eu”, disse. “Não vejo como é que isso é possível.”

Para Tondelier, o candidato ou candidata pode ser alguém da FI, do Partido Socialista, do Partido Comunista ou dos Verdes. “Pode até ser alguém que vá para além de tudo isso”, acrescentou, não excluindo a hipótese de uma figura da sociedade civil.

Faure não foi tão directo, mas disse que é preciso ter em conta a “realidade” de uma maioria relativa, a enorme distância dos 289 deputados que seriam necessários para a coligação controlar a Assembleia Nacional. “Carrego com toda a energia da esperança o que propusemos aos franceses, mas o realismo é essencial, seremos obrigados a discutir as coisas”, notou, afirmando esperar que o Parlamento possa "voltar a ser o coração da democracia".

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