J.K. Rowling acusa trabalhistas de “abandonarem” as mulheres nas lutas de género

A autora chegou a fazer doações ao partido de centro-esquerda, mas critica o lider por não defender as conquistas das mulheres e o “direito” a afirmarem os seus limites.

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J.K. Rowling escreveu um artigo de opinião no The Times REUTERS/Olivia Harris
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J.K. Rowling acusa o Partido Trabalhista de “abandonar e frequentemente ofender” as mulheres no que toca ao definir de fronteiras sobre as questões de género. A autora de Harry Potter publicou um artigo de opinião no The Times, depois de o candidato Keir Starmer ter mudado de opinião e dito que concordava que, “biologicamente, uma mulher tem uma vagina e um homem tem um pénis”.

Não que J.K. Rowling e Starmer tenham visões opostas, mas a escritora critica a mudança de opinião do candidato à liderança do partido, o que terá levado, consequentemente, a que tenha “uma má opinião” sobre a sua seriedade. No passado, a autora chegou a fazer doações para apoiar o Partido Trabalhista.

Contudo, a posição de apoio poderá ser retirada depois de Keir Starmer ter defendido outra visão no debate da BBC na passada quinta-feira. No passado, o líder trabalhista defendia que “99,9% das mulheres não têm pénis” e criticava a posição da antiga deputada Rosie Duffield, que, em 2021, defendeu que “só as mulheres têm colo do útero”.

Todavia, nesta semana, confessou que concordava com Tony Blair na visão sobre os sexos biológicos. Confrontado pelos jornalistas no que toca às suas opiniões dúbias, justificou que as opiniões anteriores foram ditas em “tempos muito tóxicos e divididos”.

“A impressão dada por Starmer no debate de quinta-feira foi de que havia algo de indelicado, algo de tóxico nas palavras de Rosie, apesar de palavras quase idênticas terem soado perfeitamente razoáveis quando proferidas por Tony Blair”, criticou J.K. Rowling no artigo de opinião.

E acrescentou: “Para as mulheres de esquerda, como nós, não se trata, nem nunca se tratou, de as pessoas trans não gozarem dos direitos de qualquer outro cidadão e serem livres de se apresentarem e identificarem como quiserem. O que está em causa é o direito das mulheres e das raparigas a afirmarem os seus limites. Trata-se de liberdade de expressão.”

A autora reitera que não é contra a comunidade transgénero, posição que lhe é atribuída desde 2020, mas prefere definir-se como apoiante das mulheres, pedindo que sejam impostos limites, no que toca, por exemplo, às casas de banho mistas. “Enquanto o Partido Trabalhista continuar a ser desdenhoso e muitas vezes ofensivo para com as mulheres que lutam para manter os direitos que as suas antepassadas pensavam ter conquistado para sempre, terei dificuldade em apoiá-los”, terminou, apelando a um pedido de desculpas de Keir Starmer a Rosie Duffield.

Em resposta às críticas de Rowling, o líder do partido respondeu: “Respeito-a e gostaria de chamar a atenção para o longo historial que os trabalhistas têm no governo de aprovar legislação realmente importante que reforçou os direitos das mulheres.” E um porta-voz reforçou que pretendem “proteger os espaços de sexo único para as mulheres”, distinguindo entre “sexo e género”, com determina a lei da igualdade aprovada pelo partido.

As questões de género têm abalado Inglaterra e, no mês passado, 26 enfermeiras processaram o Sistema Nacional de Saúde (NHS, na sigla original), depois de terem sido forçadas a partilhar o balneário com uma colega transgénero. As enfermeiras queixam-se que a colega ─ que ainda não fez a cirurgia de mudança de sexo ─ tem mostrado “interesse” noutras mulheres enquanto estas se despem, o que se tornou “intimidante”.

Inicialmente, as profissionais queixaram-se aos recursos humanos, que lhes pediu que fossem mais “inclusivas” e que “expandissem” a sua mentalidade sobre o tema, incentivando a que frequentassem formações sobre o tema. Contudo, as enfermeiras avançaram com a queixa. “Não nos sentimos seguras porque nos despimos e [o indivíduo] não fica apenas junto ao seu cacifo. Ele anda pelo balneário só de boxers”, justificou uma das enfermeiras ao Daily Mail.

É que a colega transgénero, dizem, anunciou que tinha deixado de tomar as hormonas femininas e estava a tentar ter um bebé com a parceira. “Não consideramos adequado ter um homem sexualmente activo a partilhar os nossos balneários”, insistem. O caso ainda não foi oficialmente resolvido; Inglaterra vai a eleições legislativas a 4 de Julho.

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