Morte de civis em Gaza durante resgate de reféns israelitas pode constituir crime de guerra, diz ONU

O gabinete de direitos humanos da ONU declarou que também as acções dos grupos armados palestinianos que mantêm prisioneiros em áreas densamente povoadas podem ser julgados como crimes de guerra.

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A operação militar matou mais de 270 palestinianos, segundo as autoridades de Gaza ABED KHALED / REUTERS
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O gabinete de direitos humanos da ONU disse esta terça-feira que os assassinatos de civis em Gaza durante a operação israelita para libertar quatro reféns e as acções dos grupos armados palestinianos que mantêm prisioneiros em áreas densamente povoadas podem ser julgados como crimes de guerra.

Segundo Israel, a operação, acompanhada de um ataque aéreo, ocorreu este sábado no coração de um bairro residencial na zona de Nuseirat, no centro de Gaza, onde o Hamas mantinha reféns em dois blocos de apartamentos separados. A operação matou mais de 270 palestinianos, segundo as autoridades de Gaza.

"O facto de a operação ter sido conduzida numa zona tão densamente povoada põe seriamente em causa se os princípios de distinção, proporção e precaução – consagrados nas leis da guerra – foram respeitados pelas forças israelitas", afirmou Jeremy Laurence, porta-voz do gabinete dos direitos humanos da ONU.

Laurence acrescentou que a manutenção de reféns em áreas tão densamente povoadas por grupos armados palestinianos estava "a colocar a vida de civis palestinianos, bem como a dos próprios reféns, em risco acrescido devido às hostilidades". "Todas estas acções, de ambas as partes, podem constituir crimes de guerra", afirmou.

Em resposta a esta declaração, a Missão Permanente de Israel nas Nações Unidas em Genebra acusou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos de "caluniar Israel". "O número de vítimas desta guerra entre a população civil é, antes de mais, o resultado da estratégia deliberada do Hamas para maximizar os danos causados aos civis", afirmou a missão.

O conflito em Gaza foi desencadeado quando o Hamas atacou Israel a 7 de Outubro e matou cerca de 1200 pessoas, de acordo com os registos israelitas. Os subsequentes bombardeamentos de Israel e a invasão de Gaza mataram mais de 37 mil palestinianos, de acordo com as autoridades de saúde da Palestina.

O Hamas levou cerca de 250 reféns para Gaza a 7 de Outubro, dos quais mais de 100 foram libertados em troca da libertação de cerca de 240 palestinianos detidos nas prisões israelitas durante uma trégua de uma semana em Novembro.

De acordo com os registos israelitas, há 116 reféns na Faixa de Gaza, incluindo pelo menos 40 que as autoridades israelitas declararam como mortos.