ONU inclui Exército de Israel em lista de entidades que falham na protecção de crianças

Ministro israelita prometeu “consequências” na relação com as Nações Unidas. Grupos palestinianos também estarão incluídos.

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Protesto contra a guerra de Israel na Faixa de Gaza em Dublin chama a atenção para as crianças mortas Clodagh Kilcoyne / REUTERS
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As Nações Unidas incluíram, pela primeira vez, o Exército de Israel numa lista de entidades que falharam na protecção de crianças em conflito armado. A notícia foi dada pelo próprio embaixador de Israel da ONU, Gilad Erdan, que criticou a decisão. Um porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, confirmou mais tarde a inclusão.

Outras fontes disseram que o Hamas e a Jihad Islâmica também estão na lista. O relatório será apresentado primeiro ao Conselho de Segurança, na próxima sexta-feira, e depois tornado público. A lista inclui países ou entidades que mataram crianças em conflitos ou que lhes negaram ajuda, ou ainda que atingiram escolas e hospitais, no ano anterior à sua divulgação.

No mês passado, a ONU disse que pelo menos 7797 crianças tinham morrido durante a guerra na Faixa de Gaza, que começou depois do ataque do Hamas de 7 de Outubro. As Nações Unidas disseram que o número era baseado em informação de casos de corpos identificados dada pelo ministério da Saúde de Gaza (o número real será maior, dado que haverá mortos que não são identificados ou que não chegam aos hospitais) e não em números superiores divulgados pelo gabinete de media do Hamas no território.

Além das mortes em resultado de ataques, tem havido mortes por doença devido à falta de condições sanitárias entre a população deslocada (a maior parte da população da Faixa de Gaza) e ainda casos de crianças que morreram por subnutrição ou desidratação.

“O Exército israelita é o mais moral do mundo, por isso esta decisão imoral só vai ajudar os terroristas e premiar o Hamas”, declarou Gilad Erdan, que pareceu divulgar parte de uma chamada telefónica a um responsável das Nações Unidas expressando o seu descontentamento.

O porta-voz Stéphane Dujarric explicou que países que apareçam pela primeira vez na lista são avisados com um telefonema de cortesia, para evitar que fiquem a saber por relatos à imprensa. O facto de Erdan ter aparentemente divulgado uma chamada telefónica privada foi classificado por Dujarric como “chocante e inaceitável”, algo que “nunca” tinha presenciado em “24 anos a servir esta organização”, cita a CNN.

A relação entre Israel e as Nações Unidas está já num ponto historicamente baixo, e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Estado hebraico, Israel Katz, disse que iria haver “consequências”.

A CNN lembra que Israel tem criticado não só o secretário-geral mas também a UNRWA (a agência da ONU que dá apoio a refugiados palestinianos, cuja existência é há muito criticada em Israel), a Organização Mundial de Saúde e a relatora especial para os territórios palestinianos ocupados, Francesa Albanese.

Israel acusou até funcionários da UNRWA de terem participado no ataque de 7 de Outubro (o que levou a que vários países suspendessem o financiamento), mas uma comissão independente liderada pela antiga ministra dos Negócios Estangeiros francesa Catherine Colonna disse que Israel “não apresentou provas que sustentem” as acusações, nem sequer elementos, como nomes, que permitissem a abertura de uma investigação.

O diário britânico The Guardian relatou alegações dentro da ONU de que Israel já tinha sido deixado de lado em anos anteriores por pressão política.

“Já houve alguns anos com violações verificadas das forças governamentais israelitas e dos grupos armados palestinianos”, disse ao jornal, por seu lado, Ezequiel Heffes, director do grupo de defesa de direitos humanos Watchlist on Children and Armed Conflict.

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