Metade de população de Gaza em risco de morrer à fome, alerta a ONU

Os números são avançados num relatório sobre a fome no Mundo lançado pela FAO e pelo PAM. No Norte de Gaza, a fome pode mesmo já ser uma realidade, segundo a rede de especialistas FEWS NET.

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Mais de metade dos habitantes da Faixa de Gaza enfrentam "a fome e a morte" de acordo com a FAO e o PAM HAITHAM IMAD / EPA
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Metade da população de Gaza está em risco de enfrentar “a morte e a fome” em Julho, segundo um relatório conjunto da Organização das Nações Unidas para a Alimentação (conhecida pelo acrónimo FAO) e do Programa Alimentar Mundial (PAM), sendo que “é possível, senão provável” que o Norte da Faixa de Gaza já se encontre numa situação de fome, avisa a Rede de Sistemas de Aviso Prévio contra a Fome (FEWS NET).

De acordo com o relatório elaborado pela FAO e pelo PAM, o número de pessoas que pode morrer de fome no próximo mês em toda a Faixa de Gaza é de 1,1 milhões de pessoas, correspondente a metade da população do enclave.

As razões desta situação residem no “impacto devastador do conflito em curso”, tal como nas “restrições de acesso e bens” e no “colapso dos sistemas agro-alimentares locais”.

No relatório da FAO e do PAM avisa-se que a "cessação das hostilidades” é fundamental para que a situação não se agrave e aumente o numero de mortes devido aos efeitos da fome.

“Na ausência da cessação das hostilidades, o impacto na mortalidade e nas vidas dos palestinianos, agora e em gerações futuras, aumentará significativamente todos os dias, mesmo se a fome for evitada a curto prazo”, lê-se no relatório da FAO com o PAM, onde se refere que o Comité de Revisão de Fome, organização que revê os pedidos da FEWS NET para a classificação da carência alimentar numa determinada região, avisava em Março que a fome era "iminente" na região durante o mês até Maio.

No relatório da FEWS NET, lançado no fim de Maio, lê-se que a fome pode já ser mesmo uma realidade na região Norte da Faixa de Gaza.

Segundo a rede de especialistas independentes, “é improvável que mais de 80% da população do Norte de Gaza tenha escapado a uma situação de fome catastrófica”, mesmo que o acesso a ajuda alimentar tenha aumentado significativamente em Março e Abril.

De acordo com os dados a que a organização teve acesso, a FEWS NET afirma que existe a possibilidade de que tenham sido atingidos os três critérios para se poder declarar a existência de fome no Norte da Faixa de Gaza: o consumo desadequado de comida por 20% ou mais da população, a desnutrição aguda de 15% ou mais de crianças até aos 5 anos e o aumento da taxa de mortalidade.

A organização afirma, ainda sobre a região Norte, que “é possível que a fome persista pelo menos até Julho se não houver uma mudança fundamental na forma como a assistência alimentar é distribuída e como é feito o acesso a esta depois de entrar em Gaza”.

Já quanto ao Sul de Gaza, a situação também está a agravar-se, especialmente devido aos impactos da ofensiva israelita em Rafah, que pode levar esta área do enclave para uma situação de “catástrofe” e a situação de fome é possível se ocorrer uma “disrupção sustentada e em larga escala” da ajuda alimentar na região.

Apesar das indicações dadas, para o Comité de Avaliação da Fome poder declarar formalmente uma situação de fome é necessário a obtenção de mais informações numa região em que a invasão militar e os bombardeamentos israelitas duram desde Outubro do ano passado, o que dificulta a obtenção de dados no terreno.

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