Das águas de Junho para o prato: eventos gastronómicos a saborear este mês
Do Algarve à Figueira da Foz, há mesa posta com perceves, peixe de rio, petiscos com sabor a mar e sardinhas na brasa com o tempero da amizade.
Perceve ou percebe? Vila do Bispo é que sabe
Tem reservado lugar no calendário dos comensais mais para Agosto e Setembro, mas, à décima edição, o Festival do Perceve de Vila do Bispo acena com a bandeira “Este ano é mais cedo”.
Vai então ao prato entre 7 e 9 de Junho, para acompanhar a maré mais favorável à apanha do crustáceo, que tem fama tanto pelo sabor único a mar como pelo preço elevado por conta dos riscos a que sujeita quem o “pesca” junto às rochas – pendurados em cordas, agarrados às pedras ou de corpo feito na linha de rebentação das ondas são apenas alguns dos postais do trabalho destes mariscadores profissionais.
E se na água uma das regras é não voltar as costas ao mar, à mesa as ordens são para ir sem medos e atestar as maravilhas de um perceve ao natural, cozido apenas com água do mar e servido ainda morno, como manda a cartilha da Costa Vicentina. Na montra estão também outras iguarias da cozinha local e regional, confeccionadas à base de marisco – como as papas de xerém, choco frito, navalheiras, polvo, moreia, mexilhões ou lapas –, artesanato e um cartaz musical encabeçado por Matias Damásio, a banda-tributo ABBAMia e uma festa M80.
O certame, de portas abertas junto à Escola Básica de São Vicente (dia 7, das 17h à 1h; dia 8, das 13h às 4h; e dia 9, das 13h às 2h), é organizado pela Câmara Municipal em parceria com a Associação dos Marisqueiros da Vila do Bispo e Costa Vicentina. A entrada diária custa 3,50 euros; o passe está disponível por 8 euros. Crianças até aos 12 anos não pagam.
Barquinha cheia com peixe de rio
Enguia fumada, sável frito com açorda ovas, enguias fritas com migas, torricado de carpa, lombinho de fataça com açafrão, risoto de lagostins do rio, siluro, lúcio com molho de caril. Entre fritos, grelhados e outros cozinhados, Vila Nova da Barquinha presta honras aos “sabores autênticos e frescos” que vêm dos três rios que banham o concelho ribatejano – Nabão, Zêzere e Tejo – com a primeira edição da Mostra de Peixe do Rio.
A degustação abriu portas a 16 de Maio e, até 16 de Junho, promete “encantar os amantes da gastronomia com uma selecção excepcional de pratos, cuidadosamente preparados de acordo com receitas seculares”, faz saber a autarquia que a organiza, compondo a ementa também com criações contemporâneas.
Para a causa, e sempre com o carimbo da autenticidade e da qualidade, contribuem oito restaurantes da região (Almourol, Estrela, Grilo, Loreto, Ribeirinho, Stop, Tasquinha da Adélia e Trindade) e uma série de actividades paralelas, como sessões de showcooking, degustações, sunset parties, jantares enogastronómicos, um concurso gastronómico ou visitas ao património local – o Castelo de Almourol, a Igreja Matriz da Atalaia, o Centro de Interpretação Templário de Almourol e o Parque de Escultura Contemporânea são alguns dos trunfos no mapa.
Em Setúbal há Petiscos com Sabor a Mar
A Setúbal o que é de Setúbal. No que toca a petiscos com sabor a mar, a cidade sadina não deixa o choco frito por mãos alheias.
Este e outros acepipes estão à prova na iniciativa gastronómica que o município leva à mesa no Parque Urbano de Albarquel, na frente ribeirinha, até 16 de Junho, à boleia da oitava Mostra das Tradições Marítimas que ali tem lugar, por sua vez integrada nas Jornadas de Ambiente de Setúbal. Uma pescadinha-de-rabo-na-boca que celebra a tradição piscatória local, sensibilizando para a sua importância e preservação, e convidando a população a (vi)ver de perto tudo o que está associado às tradições do mar.
No lote de experiências estão exposições, música, artesanato, oficinas de biodiversidade e reciclagem, acções de sensibilização, dias temáticos, técnicas conserveiras e actividades náuticas como baptismos de mar, demonstrações de pesca, passeios de bote ou a tradicional Regata de Botes a Remos. No programa Cais Vivo: Experiências Únicas à Beira-Mar entram ainda canoagem, remo, stand-up paddle, orientação e navegação.
As sardinhas da Figueira
A Figueira da Foz torna a pôr a prata da casa no assador. Da série Festivais Gastronómicos da Associação Figueira com Sabor a Mar, que este ano contabiliza a 33.ª temporada, chegamos ao momento de celebrar a sardinha. É ela que, entre 21 e 30 de Junho, dá o tempero às ementas de uma dezena de restaurantes locais, fazendo a serventia no pão ou no prato, com batata, salada, pimentos e pele tostada, assim dita a tradição.
O Festival da Sardinha é o quarto evento na linha de degustação anual criada para mostrar a riqueza culinária da terra – ao prato já foram o sável e a lampreia, a raia e a feijoada de búzios. A caldeirada (6 a 15 de Setembro) e o bacalhau (15 a 24 de Novembro) são os senhores que se seguem.
Benavente: amigos amigos, sardinhas à parte (ou não)
Comer e beber, largadas e corridas de touros, desfiles de campinos e cavaleiros, música com fartura. A receita não é nova e por si só costuma dar uma boa desculpa para ajuntamentos e festas populares. Mas, em Benavente, a história ganhou outra dimensão.
O que começou com um convite de um grupo da terra a amigos de fora para um convívio à volta de fogareiros, sardinhas, pão e vinho, corria o ano de 1969, escalou para uma festa rija à moda do Ribatejo que, nos dias de hoje, chama à vila cerca de 50 mil visitantes e é o pináculo do calendário de eventos locais.
Com os galões das 54 edições que traz ao peito, a Festa da Amizade e da Sardinha Assada torna a espalhar a sua magia por meio de dez mil pães, cinco mil quilos de sardinha e outros tantos litros de vinho, contas da organização. Tudo distribuído gratuitamente, entre 27 e 29 de Junho. Mais informações em festadaamizade.pt.