Feijóo volta a colocar moção de censura contra o PSOE em cima da mesa após europeias

Menos de um mês depois de ter afastado o cenário, o líder do PP diz agora que, “no contexto certo”, o instrumento pode ser “útil” e que novas eleições gerais são “urgentes”.

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Alberto Nuñes Feijóo, líder do PP Carlos Castro
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O líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, admitiu nesta segunda-feira que um mau resultado do PSOE nas eleições europeias de domingo vai acelerar o calendário político em Espanha e não descartou apresentar uma moção de censura à frágil maioria de Pedro Sánchez, se considerar que pode ser “útil”, mas apenas no “contexto certo”.

Numa entrevista à Antena 3 espanhola, Feijóo colocou a decisão sobretudo nas mãos dos eleitores. “Se essa maioria social que não concorda com o que se passa neste ambiente de corrupção política e de corrupção económica em que vive Espanha, nesta paralisia do Governo em que estamos há quase um ano, se essa maioria social se tornar uma maioria eleitoral e o 9 de Junho enviar uma mensagem, entendo que todos os cidadãos verão o fim do túnel mais perto, disse, citado pelo El Pais.

Questionado sobre se se referia à possibilidade de apresentar uma moção de censura contra Pedro Sánchez – o que recusara há 20 dias , respondeu: “Que ferramentas vamos usar? Tudo o que considerarmos adequado. Para isso é preciso ter o contexto certo e pensar o que pode ser útil nesse contexto.” “É o que posso dizer para ser um pouco sério e para respeitar as instituições do meu país”, acrescentou.

Após a entrevista, um porta-voz do PP veio tentar limitar o alcance das declarações do seu líder, mas sem afastar o cenário da moção de censura. “A nossa mensagem é clara: votar no PP a 9 de Junho encurta a legislatura porque aprofundaria a fraqueza eleitoral de Sánchez (que já perdeu as últimas eleições municipais e gerais) e agravaria a sua já conhecida fraqueza parlamentar. Quanto mais PP, menos Sánchez. Mas a nossa vocação é fazê-lo cair nas urnas e nas eleições gerais, que são urgentes, dada a precariedade do Governo. Esse, e nenhum outro, é o caminho escolhido”, afirmou a mesma fonte numa mensagem enviada aos jornalistas.

No início de Maio, Feijóo recusara expressamente que um bom resultado do PP nas eleições europeias o poderia levar a apresentar uma moção de censura, mas a decisão da justiça de avançar com uma investigação à mulher de Pedro Sánchez, Begoña Gómez, poderá levá-lo a uma mudança de posição. Em causa estão suspeitas, apresentadas por uma associação conotada com a extrema-direita, de ter havido ligações entre Begoña Gómez e empresas privadas que receberam apoios públicos durante a pandemia de covid-19 ou assinaram contratos com o Estado, numa altura em que o marido liderava o executivo.

Na mesma entrevista à Antena 3, o líder do PP insistiu muito neste processo, afirmando que, do ponto de vista “ético”, “político” e “moral”, Sánchez “não pode continuar a ser presidente” do Governo, porque “não é possível ter um primeiro-ministro cuja esposa esteja a ser investigada em tribunal”.

“Ninguém em Espanha acredita que o presidente do Governo não conhecesse as relações económicas, empresariais e comerciais da sua mulher”, sublinhou, lembrando que Sánchez deverá dar explicações à comissão de inquérito aberta no Senado. Não confirmou se o PP também convocará Begoña Gómez para depor na comissão de inquérito, apontando apenas ao líder socialista: “O responsável político é o presidente do Governo.”

O PP, disse Feijóo, estará “muito atento à investigação de corrupção e tráfico de influências da mulher do presidente do Governo”, bem como “ao dumping de telemóveis e à súmula”. “Ainda há muito trabalho a fazer”, observou.

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