Justiça espanhola vai avançar com investigação a mulher de Sánchez

Tribunal de Madrid considera que a denúncia contra Begoña Gómez contém “indícios objectivos” de que pode ter sido cometido um crime.

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Pedro Sánchez, presidente do Governo espanhol MARISCAL / EPA
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A justiça espanhola decidiu avançar com a investigação à mulher do presidente do Governo, Pedro Sánchez, por suspeitas de tráfico de influências, rejeitando um parecer do Ministério Público que defendia o arquivamento de uma denúncia contra Begoña Gómez.

Os magistrados do tribunal de Madrid responsáveis pelo caso consideraram que a denúncia contém "indícios objectivos" de que pode ter sido cometido um crime, o que "legitima uma investigação", segundo uma decisão citada esta quarta-feira pelos meios de comunicação social espanhóis.

Na denúncia contra Begoña Gómez, apresentada por uma associação conotada com a extrema-direita, estavam em causa ligações da mulher de Pedro Sánchez a empresas privadas que receberam apoios públicos durante a crise da pandemia de covid-19 ou assinaram contratos com o Estado quando o marido era liderava o executivo.

A decisão do tribunal de Madrid diz que os "indícios objectivos" que justificam uma investigação judicial só existem num dos casos referidos na queixa, excluindo o do grupo turístico Globalia, da companhia aérea Air Europa, que foi resgatada pelo Governo espanhol durante a pandemia.

Em relação a este caso, os magistrados consideraram que a denúncia não passa de uma conjectura e que não há motivos para avançar com a investigação.

O tribunal disse, por outro lado, que na decisão agora tomada, para responder ao parecer do Ministério Público, não levou em consideração um relatório da unidade policial que fez uma investigação preliminar sobre a queixa contra Begoña Gómez e que concluiu não haver fundamentos para avançar com um processo.

Segundo esses magistrados, este relatório foi pedido pelo juiz de instrução, que ainda não se pronunciou sobre o documento e, além disso, tem optado por levar a cabo várias diligências, como a audição de diversas testemunhas.

Um tribunal de Madrid revelou em 24 de Abril a abertura de um "inquérito preliminar" por alegado tráfico de influências e corrupção de Begoña Gomez, na sequência de uma queixa de uma organização conotada com a extrema-direita baseada em alegações e artigos publicados em páginas na Internet e meios de comunicação digitais.

O Ministério Público pediu no dia seguinte o arquivamento da queixa, por considerar não haver indícios de delito que justifiquem a abertura de um procedimento penal.

No dia em que se soube da abertura do inquérito, Pedro Sánchez disse que ponderava deixar o cargo de presidente do Governo. Após cinco dias de reflexão, decidiu continuar à frente do Governo espanhol.

Sánchez disse que ponderava deixar o cargo por causa da "máquina de lodo" da direita e extrema-direita, afirmando-se vítima, ele a mulher, há anos, de campanhas de desinformação e boatos.

Na semana passada, numa declaração no plenário do parlamento espanhol, garantiu que a actividade profissional da mulher "é honesta".

"A única coisa que há é lodo", disse Sánchez, que voltou a acusar o Partido Popular (PP, direita) e o Vox (extrema-direita) de levarem para o debate político informações manipuladas, mentiras e boatos das redes sociais que depois associações extremistas judicializam, apresentando queixas na justiça.

Sánchez disse ainda ter a certeza de que em breve a justiça arquivará as queixas contra a sua mulher.