Vem aí o primeiro supercarro português: Adamastor Furia quer vingar pela exclusividade
Com série limitada a 60 unidades, a Adamastor vai criar versões do Furia, para estrada e para pista, a partir de Perafita, Matosinhos. O preço também é exclusivo: 1,6 milhões antes de impostos.
É o primeiro supercarro de nacionalidade portuguesa, nascido do casamento entre a academia e o tecido empresarial, com o automóvel como paixão comum.
A Adamastor nasceu em 2015, já depois de iniciadas parcerias entre o mundo académico e o mundo empresarial, visando o desenvolvimento de novas tecnologias com assinatura totalmente portuguesa. Ou seja, a ideia começou com o propósito de “desenvolver um projecto de um veículo de competição e, em colaboração com universidades nacionais de engenharia, gestão e marketing, motivar a sua construção, potenciando as capacidades dos alunos envolvidos, num processo devidamente sustentado por um empresário que serviria como mentor do projecto”.
Mas os avanços acabariam por extravasar o terreno académico e, em 2019, é decidida a produção de um veículo de competição GT, que acabaria por resultar num objectivo ainda mais ambicioso: criar um supercarro, em versões de estrada e de pista, capaz de competir com produtos como o Valkyrie da Aston Martin ou com marcas de nicho, como a Pagani, a Koenigsegg e a Rimac, sem esquecer outras, como a Mercedes-Benz, Audi, Porsche e Ferrari, na categoria dos supercarros, especifica Ricardo Quintas, fundador e CEO da Adamastor, citado em comunicado.
"Adquirimos um espaço [em Perafita, Matosinhos], dotámos o espaço de todas as máquinas e equipamentos necessários, alguns dos equipamentos foram desenhados e produzidos por nós", precisou ainda Quintas, em declarações à Lusa. No total, indicou, o Adamastor é fruto de um investimento de 17 milhões de euros. "É um veículo de alta performance todo construído e desenvolvido em Portugal", salienta, precisando: "todo o 'tooling' [equipamentos para produção, como moldes] deste carro foi desenvolvido por nós internamente e produzido parcialmente por nós, e outras partes produzidas fora" - neste caso, indicam-se componentes como motor, travões, jantes, pneus, electrónica ou a matéria prima do tooling.
Os 60 Adamastores
Para já, foi revelada a versão de estrada, da qual a Adamastor só fará 60 unidades. O Furia exibe um chassis monocoque, totalmente construído em fibra de carbono, o que permitiu manter um baixo peso (1100kg), não sacrificando a rigidez da estrutura e sem perder o foco da aerodinâmica, que definiu o design e que se traduziu em resultados “encorajadores”: o supercarro da Adamastor consegue impor-se, em termos de downforce, aos monolugares de Fórmula 2 e Fórmula 3 das temporadas de 2021, bem como a modelos das categorias GT3 e LMP2. Já em termos de coeficiente de arrasto, os resultados obtidos, refere-se, superaram o desempenho de um monolugar de Fórmula 1 da época de 2021. De sublinhar que o Furia não exibe grandes ailerons nem asa traseira, conseguindo parte do downforce gerado pelo fundo com efeito Venturi: até 1000kg a 250 km/h na versão de estrada; 1800kg, na versão de pista.
Na mecânica, o Furia adopta um V6 biturbo de 3,5 litros de origem Ford Performance, capaz de produzir mais de 650cv, animados por um binário máximo superior a 570 Nm, sendo capaz de acelerar de 0 aos 100 km/h em cerca de 3,5s (o sprint até aos 200 km/h cumpre-se em 10,2s) e atingir uma velocidade máxima de mais de 300 km/h.
O preço estimado de uma unidade de estrada é de 1,6 milhões de euros, antes de impostos, sendo que o plano de negócios da Adamastor prevê entregar em 2025 dois carros de estrada e outros dois em versão de competição. A capacidade de produção de 25 carros por ano, estima a marca, deverá ser atingida em 2026.