Socialistas vencem eleições na Catalunha e põem fim à maioria independentista

Com 99% dos votos contados, um bloco de esquerda conseguiria maioria para governar, mas a ERC anunciou que irá para a oposição.

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Salvador Illa, o candidato do Partido Socialista, congratulou-se com a vitória Bruna Casas / REUTERS
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O Partido Socialista da Catalunha (PSC) venceu ontem as eleições catalãs, numa noite eleitoral feita de voltas e reviravoltas. Com uma maioria para o bloco independentista afastada relativamente cedo na noite eleitoral, a questão na recta final da contagem era se um bloco de esquerda conseguiria maioria absoluta para governar, uma hipótese posta, afastada, e que voltou a estar em cima da mesa, quando, com mais de 97% dos votos contados, socialistas, ERC e Sumar teriam 68 lugares no Parlamento, a fasquia mínima para a maioria. Mas a hipótese acabou por voltar a ficar mais longe quando o ainda presidente da Generalitat e candidato do ERC, Pere Aragonès, veio dizer que caberia aos dois mais votados “escolher um caminho”, anunciando que o seu partido ficaria “na oposição”.

Pouco depois, o líder do Junts, Carles Puigdemont, vinha dizer que apesar do seu segundo lugar não punha de parte liderar um governo e desafiava a ERC, embora não fosse claro quem mais pudesse formar um governo de maioria com as duas forças: “A distância entre o PSC e nós não é diferente à que existe entre o PP e o PSOE no Parlamento espanhol. Se a ERC estiver disposta a fazer pontes, nós também estamos.”

Já o líder do PSC comemorou a vitória clara: “Após 45 anos de história, pela primeira vez o PSC ganhou as eleições para o Parlamento catalão tanto em votos como em assentos”, declarou Salvador Illa. “Os partidos pró-independência, que respeitamos, têm 61 lugares. A Catalunha está a entrar numa nova fase. Os catalães decidiram abrir uma nova etapa”, disse. “Muitos factores influenciaram esta decisão. Certamente que um desses factores foi a política levada a cabo pelo Governo espanhol, pelo seu presidente, Pedro Sánchez", defendeu Illa.

Na rede social X (antigo Twitter), o director-adjunto do jornal El País Claudi Pérez resumia assim a eleição: "Illa acaba de enterrar o procès. A esquerda faz as contas. Nem a amnistia nem os 5 dias de Abril de Sánchez castigaram o PSC. Junts sobe e come a ERC, a grande derrotada, mas o bloco pró-soberania cede a maioria. A direita está em ascensão, com a direita radical e extrema muito forte."

O diário El País comenta que as consequências da amnistia de Sánchez aos independentistas catalães era uma das grandes questões a que as eleições deveriam responder. "E o resultado, apesar das dificuldades de governabilidade que deixa, foi muito claro: a política de Pedro Sanchéz [...] levou ao momento de maior fraqueza das forças independentistas desde 1980. Nunca tinham tido tão poucos lugares em conjunto".

Com mais de 99% dos votos contados, o PSC de Salvador Illa obteve 42 lugares, uma subida em relação a 2021, quando elegeu 33 deputados, seguindo-se, em segundo lugar, o Junts (do antigo presidente Carles Puigdemont), com 35 lugares. A ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), do actual presidente, Pere Aragonès, ​obteve 20, um resultado inferior ao de 2021, quando elegeu 33 deputados.

As sondagens à boca das urnas mostravam que a quarta posição seria disputada entre o conservador Partido Popular (PP) e o partido de direita radical Vox, mas à medida que a noite avançou, o PP ficou claramente à frente com 15 lugares e o Vox com 11. Estes resultados significam um grande aumento do apoio ao PP, que obteve apenas 3 lugares nas últimas eleições, que tinha sido o pior resultado da sua história.

De seguida, a uma grande distância, aparece a plataforma de esquerdas Sumar, com 6 lugares, e a CUP (independentista de esquerda), com 4. O Cidadãos ficou de fora (pela primeira vez desde 2006, quando participou nas eleições catalãs pela primeira vez) e a Aliança Catalã, um novo partido de direita radical e pró-independência, entrou no Parlamento, obtendo 2 lugares.

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