Cinquentenário da Revolução dos Cravos – 25 de abril de 1974

No contexto da CPLP, relembrar o 25 de abril de 1974 remete para o compromisso de pensar um futuro sustentável comum, em que a diversidade faz parte da unidade.

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A democracia é um corolário que a todos nos guia na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - CPLP, organização internacional que consubstancia o desiderato político de edificação conjunta de uma Comunidade de Povos, alicerçada na partilha da Língua Portuguesa, em laços históricos comuns e, com semelhante relevância, nos valores e princípios do Estado de Direito e da democracia, que remete para o tema das Comemorações do “Cinquentenário da Revolução dos Cravos – 25 de abril de 1974”.

O ilustre e honroso convite que o Senhor Presidente da República Portuguesa, Professor Marcelo Rebelo de Sousa, me endereçou, como Secretário Executivo da CPLP, e aos Senhores Chefes de Estado dos Estados-Membros da CPLP permite-nos participar desta histórica e emblemática celebração, de importância incontornável para Portugal e compartilhada pelos demais Estados-membros da CPLP.

Celebrar o 25 de abril de 1974 é revisitar um momento histórico incontornável da sociocontemporaneidade da liberdade em Portugal e que, na CPLP, nos inspira a trabalhar, quotidianamente, ao serviço dos nossos povos, perante a evolução pluridimensional e multifacetada continua da conjuntura internacional.

Relembrar a visão e a coragem dos que protagonizaram os acontecimentos de 25 de abril de 1974 permite-nos interpretar que a democracia consiste num valor basilar e num pressuposto fundamental de relações harmoniosas e de coesão entre povos. A democracia é assim, a base sólida para o diálogo entre nações e para a afirmação geoestratégica da multilateralidade no atual cenário global diversificado e complexo.

No contexto da CPLP, relembrar o 25 de abril de 1974 remete para o compromisso de pensar um futuro sustentável comum, em que a diversidade faz parte da unidade, como nos recorda o lema da primeira Cimeira de Chefes e Estado e de Governo da CPLP.

Subjaz à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa a partilha de uma matriz comum histórica, cultural e linguística, que se tem afirmado no atual contexto mundial, pela adoção de uma visão política e geoestratégica de cooperação assente no diálogo e no consenso, ao serviço do desenvolvimento socioeconómico sustentável dos seus Estados-membros.

Esta Comunidade de Povos de Língua Portuguesa, que procura impulsionar a coesão e o reforço do multilateralismo, desde a sua criação em 1996, remete para os ideias do 25 abril de 1974: liberdade; igualdade; fraternidade; respeito pela cidadania e direitos humanos; respeito pelos princípios do humanismo universal, e procura continua da promoção da solidariedade global.

Na CPLP, a democracia constitui o alicerce da concertação político-diplomática e da cooperação mutuamente vantajosa que procuramos impulsionar a cada dia. A democracia possibilita que a vontade dos povos seja ouvida, e que os compromissos assumidos pelos governos sejam concretizados. Para a CPLP, ouvir a vontades dos povos é reafirmar que a Comunidade se faz de identidades e afetos, língua e cultura, valores e princípios comuns. É trabalhar o futuro com seriedade e idealismo. É celebrar a democracia de forma continua e como uma conquista que se faz a cada dia, a cada palavra dita, em cada ação implementada e a cada decisão adotada.

Relembrando os ideias de “abril”, a CPLP representa um espaço de convivência entre visões e opiniões distintas e, como tal, um instrumento de consenso, de concórdia e de convivência fraternal. Simultaneamente, inspirada pelas conquistas da “Revolução dos Cravos”, a CPLP procura estar presente no cenário estratégico mundial como um instrumento de diálogo para a paz, interagindo nos contextos nacionais, regionais e sub-regionais, de modo a defender os interesses dos povos e ao serviço do bem comum da humanidade.

Nesse dia de celebração dos 50 anos do 25 de abril de 1974, faço votos que o testemunho da República Portuguesa em prol da democracia se mantenha como uma inspiração continua e premente para os demais Estados-membros da CPLP e, na atual configuração global, para todo o mundo!

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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