Cuidados continuados de longa duração: Lisboa e Algarve com 64 dias de espera

No final de 2022, havia 1562 pessoas a aguardar uma vaga na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, 707 dos quais necessitavam de uma vaga de longa duração, segundo entidade reguladora.

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Rede de cuidados continuados tem 15.269 vagas no Continente Rui Gaudêncio (arquivo)
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A região de Lisboa e Vale do Tejo e o Algarve apresentaram o maior tempo de espera para encontrar uma vaga nos cuidados continuados em 2022, com uma mediana de 64 dias para identificar um lugar numa unidade de cuidados de longa duração.

Tal significa na região de Lisboa um agravamento de 52% face aos 42 dias de espera registados em 2021, ainda assim longe dos quase 75 dias de mediana - o valor que separa a metade maior e a metade menor de uma amostra - que se verificaram em 2020.

No Alentejo a mediana da espera neste tipo de unidades Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) foi de 51 dias, no Norte 28 dias e no Centro 24. Os números são de um relatório divulgado esta segunda-feira pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS).

O tempo de espera está intimamente ligado à maior procura por este tipo de unidades destinadas a internamentos superiores a 90 dias. No final de 2022, havia 1562 pessoas a aguardar uma vaga na RNCCI, 707 dos quais necessitavam de uma vaga nos cuidados de longa duração. Um número que descia para 377 nas Unidades de Média Duração e Reabilitação, com internamentos com duração previsível entre 30 e 90 dias, e para 270 nas Equipas de Cuidados Continuados Integrados, que prestam apoio ao domicílio.

Os problemas na região de Lisboa, considera a ERS, poderão ser explicados, em parte, “pela redução de número de lugares nestas regiões, em 2022”. A capacidade global da rede era, em final de 2022, de 15.269 vagas (mais 30 que no ano anterior), das quais 5182 (menos 12 do que em 2021) eram destinadas a cuidados de longa duração. A maior fatia das vagas estava nas equipas domiciliárias (5690), que cresceram 44 face ao ano anterior.

Em termos de distribuição geográfica, a oferta da rede caiu em três das cinco regiões do continente, com destaque para as regiões de Lisboa e Vale do Tejo que perdeu 90 vagas e para o Alentejo onde deixaram de existir outras 34. “Tal como já verificado no ano de 2021, em 2022 constatou-se grande heterogeneidade entre NUTS III no que se refere aos rácios de oferta face à procura potencial, continuando a verificar-se ausência de oferta no Alto Tâmega, Alentejo Litoral e Lezíria do Tejo”, conclui-se no relatório. Tal significa que concelhos como Santarém, Chaves, Sines, Odemira, Valpaços, Chamusca ou Cartaxo não apresentam vagas nesta rede.

Os problemas de acesso e a distribuição da geográfica da rede fazem com que, por vezes, os utilizadores fiquem longe da sua residência, o que dificulta as visitas de familiares e amigos. Apesar de tudo essa é uma realidade que não atinge a maioria dos utentes. “Foi efectuada uma análise relativa à distância efectivamente percorrida pelos utentes, tendo-se constatado que cerca de 80% dos utentes tinham proveniência de moradas que distavam menos de 60 minutos da unidade em que foram internados”, afirma o relatório.

Mesmo assim tal significa que 25% de quase 5000 utentes dos cuidados de longa duração, ou seja, 1232 pessoas estavam a mais de 60 minutos de casa, uma percentagem que nas unidades de média duração desce para 23,7% (818 de 3454). Por outro lado, à volta de 45% dos utentes colocados em unidades de média e longa duração foram internados a uma distância inferior a 30 minutos da sua residência.

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