Mais de 500 pessoas internadas nos hospitais aguardam respostas sociais e em cuidados continuados

As 580 pessoas que aguardam vaga são utentes com alguma dependência, mas não são “exactamente casos sociais”. Desde 2020 foram colocados em respostas sociais 6496 utentes que estavam em hospitais.

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Desde 2020 foram colocados em respostas sociais 6496 utentes que estavam em hospitais RG RUI GAUDENCIO

Quinhentas e oitenta pessoas com alta hospitalar permanecem internadas e a aguardar vaga nas respostas sociais e nos cuidados continuados, segundo o coordenador do Plano Nacional do Envelhecimento Activo, que defende uma maior aposta no apoio domiciliário.

Em declarações à agência Lusa, Nuno Marques lembrou que desde 2020 e até esta segunda-feira, 20 de Novembro, foram colocados em respostas sociais 6496 utentes que estavam em hospitais, sublinhando que a estratégia de coordenação com as respostas sociais existe e que, só este ano, foram colocadas 1292 pessoas em lares, numa acção conjunta entre a Segurança Social e a Saúde.

A propósito do alerta lançado na segunda-feira pelo Hospital de Santa Maria, que revelou estar a ter dificuldades de internar doentes por ter cerca de 50 camas ocupadas com utentes que já têm alta mas aguardam transferência para respostas sociais e de cuidados continuados, Nuno Marques sublinhou a necessidade de apostar mais no apoio domiciliário.

"Se conseguirmos optimizar e melhorar a resposta no domicílio, muitas vezes as pessoas poderão conseguir ir para as suas casas com algum apoio da família e destas equipas especializadas", afirmou o responsável, sublinhando que "o foco tem de ser colocar o máximo de pessoas possível no domicílio", para reduzir o número de pessoas que estão institucionalizadas.

Isto poderá "abrir vagas nas instituições para aquelas pessoas que realmente necessitam de estar nas instituições".

Segundo explicou, as 580 pessoas que aguardam vaga são maioritariamente utentes com alguma dependência, mas não são exactamente casos sociais.

"O número de pessoas com uma situação puramente social [pessoas que não têm domicílio] é muito baixo. O que se passa é que as pessoas, muitas vezes, têm uma situação de saúde agudizada e isso aumenta-lhes a dependência", explicou.

Nuno Marques sublinhou a diferença entre casos sociais e casos que têm alguma dependência, sublinhando: "Quando aqui se fala em casos sociais, não é disso que nós estamos a falar. Nós estamos a falar de pessoas que têm uma necessidade social para dar uma resposta à sua dependência física ou mental".

Defende que o sistema precisa de evoluir e estar mais focado nas necessidades das pessoas, reconhecendo que a questão do financiamento "terá de acompanhar essa evolução". "Isto vai dotar também as instituições de um financiamento mais adequado para os utentes que eles têm e a que estão a dar suporte", acrescentou.

Em Setembro, os dados avançados pelo editor executivo do Serviço Nacional de Saúde - referentes a 31 de Agosto - indicavam que estavam 1600 doentes internados inapropriadamente a aguardar resposta social e vagas na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados.