Bens de Andrew Tate permanecem sob a tutela da polícia romena

Em Janeiro de 2023, as autoridades romenas apreenderam bens e dinheiro no valor de 18 milhões de lei (3,6 milhões de euros) no âmbito da investigação criminal sobre os irmãos Tate.

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Andrew Tate conquistou milhões de fãs ao promover um estilo de vida ultramasculino e misógino Reuters/INQUAM PHOTOS
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Os bens pertencentes à personalidade da Internet Andrew Tate, que foram apreendidos pelas autoridades romenas no âmbito de um processo por tráfico de seres humanos, continuarão na posse das autoridades policiais, declarou o seu representante na sexta-feira, na sequência de uma decisão judicial.

Tate, que conquistou milhões de fãs ao promover um estilo de vida ultramasculino e misógino, foi acusado em Junho, juntamente com o seu irmão Tristan e duas mulheres romenas, de tráfico de seres humanos, violação e formação de grupo criminoso para explorar sexualmente mulheres.

Desde a acusação, o caso está na câmara preliminar do tribunal de Bucareste, que precisa de inspeccionar os processos para garantir a sua legalidade. Esperava-se que o processo demorasse cerca de dois meses, mas os tribunais romenos estão a braços com muitos atrasos.

No início deste mês, um tribunal romeno aprovou um pedido do Reino Unido para extraditar os irmãos Tate por alegações de agressão sexual que remontam a 2012-15, mas apenas após a conclusão do processo judicial romeno.

Em Janeiro de 2023, as autoridades romenas apreenderam bens e dinheiro no valor de 18 milhões de lei (3,6 milhões de euros) no âmbito da investigação criminal sobre os irmãos Tate, incluindo dinheiro, relógios de marca e carros de luxo. Foram arrestadas ainda algumas propriedades e criptomoedas. Os Tate pediram várias vezes aos tribunais que levantassem a apreensão.

No início deste ano, o Tribunal de Recurso de Bucareste aceitou o seu pedido e ordenou que a apreensão fosse reavaliada. Mas, nesta sexta-feira, o tribunal de Bucareste decidiu que os bens apreendidos deveriam permanecer na posse das autoridades policiais romenas, de acordo com o representante de Andrew Tate, que avançou que o influencer vai recorrer da decisão.

“Vamos escravizar estas cabras”

Os irmãos Tate, que têm dupla nacionalidade, americana e britânica, foram mantidos sob custódia policial durante a investigação criminal, desde Dezembro de 2022 até Abril de 2023, para evitar que fugissem do país ou adulterassem provas.

Estiveram depois em prisão domiciliária até Agosto, altura em que os tribunais os colocaram sob controlo judicial, uma medida preventiva mais leve que lhes permite circular livremente, excepto para sair do país.

A proibição não impede Andrew Tate de continuar a trabalhar através das redes sociais. Apesar de já ter sido banido das redes sociais por diversas vezes, a página no Twitter continua activa e acumula 8,9 milhões de seguidores. A Meta removeu as contas oficiais no Facebook e Instagram, na sequência de uma campanha para retirar Tate da plataforma por violar as políticas da empresa relativas a organizações e indivíduos perigosos. No TikTok também já não tem conta, apesar de continuarem a circular vídeos da sua autoria.

Além dos comentários misóginos na Internet, Tate criou negócios à volta da masculinidade. Fundou uma plataforma no Telegram, a War Room, onde homens ao seu serviço ensinam outros a explorar sexualmente as mulheres. Primeiro, seduzem-nas e depois põem-nas a trabalhar em pornografia, em plataformas como o PornHub ou o Only Fans. Para pertencer ao grupo, disse em tempos o britânico, é preciso pagar oito mil dólares anuais (7319 euros). Em Agosto de 2022, existiam 434 membros, espalhados pelo mundo.

Em Junho de 2023, o tribunal divulgou algumas das mensagens trocadas entre os irmãos Tate e os sócios. “Vamos escravizar estas cabras”, dizia Tristan Tate, nos documentos onde se relatavam também testemunhos das vítimas, incluindo detalhes das cenas de violência sexual.

Além da War Room, o britânico chegou a promover um curso online para ensinar aos seguidores como devem ser “as interacções entre homem e mulher”. No vídeo de apresentação, dizia que a função do homem é “conhecer uma rapariga, levá-la a alguns encontros, dormir com ela, fazer com que ela se apaixone ao ponto de fazer tudo o que o homem diz, e depois conseguir que se filme para ficarem ricos juntos”.

Tate não só tem negado todas as acusações, como se queixa de que as suas afirmações são retiradas do contexto. No ano passado, numa entrevista à BBC, defendeu só querer o bem para o mundo: “Estou a apregoar o trabalho duro, a disciplina. Sou um atleta, defendo as políticas antidroga, a religião, a abstinência de álcool e a ausência de armas. Sou contra todos os problemas da sociedade moderna.”