Fóssil do maior golfinho de água doce encontrado no Peru

O crânio fossilizado, com 16 milhões de anos, pertence ao maior golfinho que se sabe ter habitado as águas da América do Sul, medindo de três a 3,5 metros de comprimento.

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Ilustração do Pebanista yacuruna nas águas do rio Amazonas Jaime Bran
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Cientistas anunciaram a descoberta de um crânio fossilizado com 16 milhões de anos, no Peru, de um golfinho fluvial que já nadou nas águas que hoje correspondem ao rio Amazonas e cujo parente vivo mais próximo é o golfinho-do-ganges, que habita nas águas do rio Ganges, na Índia.

O paleontólogo Rodolfo Salas, co-autor do estudo divulgado esta quarta-feira, disse que o crânio pertencia ao maior golfinho que se sabe ter habitado as águas fluviais da América do Sul, medindo de a 3,5 metros de comprimento. Foi baptizado de Pebanista yacuruna em homenagem a Yacuruna, um ser mitológico peruano que vivia em águas profundas.

“Este golfinho é parente do golfinho do rio Ganges, na Índia”, afirmou Rodolfo Salas, acrescentando que o golfinho encontrado no Peru é muito maior do que os seus parentes vivos que habitam actualmente na Ásia. Os antepassados de ambos os golfinhos viviam anteriormente no oceano, segundo o paleontólogo.

“Isto permitiu-lhes ocupar grandes espaços oceânicos perto das costas da Índia e da América do Sul. Estes animais viviam em ambientes de água doce, tanto na Amazónia como na Índia. Infelizmente, extinguiram-se na Amazónia, mas na Índia sobreviveram”, acrescentou Rodolfo Salas.

Aldo Benites-Palomino, autor principal do estudo, destaca, em comunicado da Universidade de Zurique (Suíça), que o tamanho deste golfinho “não é o único aspecto notável”. “Os parentes mais próximos do Pebanista yacuruna são os golfinhos do Sul da Ásia”, sublinha.

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O paleontólogo Aldo Benites-Palomino durante a expedição de 2018 Rodolfo Salas-Gismondi

O estudo, realizado por uma equipa internacional de investigação liderada por paleontólogos da Universidade de Zurique, foi publicado na revista Science Advances e analisa o maior golfinho de água doce alguma vez encontrado, segundo o comunicado da Universidade de Zurique. ​A nova espécie de golfinho pertence à família Platanistoidea, que era comum nos oceanos de todo o mundo entre há 24 e 16 milhões de anos.

Os cientistas encontraram o fóssil durante uma expedição de 2018 patrocinada pela National Geographic Society no rio Napo.

As bacias dos rios Amazonas e Orinoco ainda abrigam uma espécie conhecida de golfinhos fluviais chamada boto-cor-de-rosa, ou boto.