Administração eleitoral já recebeu 296 mil votos da emigração. Podem chegar aos 350 mil

Com metade dos votos do círculo eleitoral de Fora da Europa, o Brasil é o país determinante no sentido de voto da eleição. A participação já bateu um recorde.

Foto
Depois da votação de dia 10, é preciso ainda contar os votos dos dois círculos da emigração no próximo dia 20. Anna Costa
Ouça este artigo
00:00
04:06

Até esta sexta-feira, a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI) já recebeu 291.921 cartas-resposta de votos vindos dos dois círculos da emigração, a que se somam os 5283 votos presenciais para as legislativas antecipadas em que a AD está à frente no número de eleitos e de votos. Estes círculos elegem, cada um, dois deputados. Estes números representam já um recorde de participação, uma vez que se encontram acima do total de 260 mil votos recebidos nas legislativas de Janeiro de 2022.

Este número representa um aumento de um terço da participação em relação ao mesmo período de 2022, ou seja, cinco dias após a data-limite para a colocação das cartas-resposta no correio nos respectivos países de origem (10 de Março). Se se mantiverem as proporções de 2022, isso significa que até à próxima quarta-feira ainda poderão chegar a Lisboa mais cerca de 60 mil votos de emigrantes, num total de 350 mil votos. Isso significaria uma participação acima dos 22%, já que os dois círculos têm um total de 1,5 milhões de eleitores inscritos.

Só no dia 20 será feito o apuramento final, isto é, serão abertos os envelopes, contados os votos e atribuídos os quatro mandatos. Essa operação irá acontecer em Lisboa.

Em 2022, o PS elegeu três deputados e o PSD apenas um, no círculo Fora da Europa, já depois da repetição da eleição no círculo da Europa, decorrente de uma reclamação dos sociais-democratas. O PSD pediu a anulação da votação devido à mistura de votos que traziam a cópia do cartão de cidadão (como a lei exige) com votos que não a traziam. A dada altura, tornou-se impossível perceber quantos votos estariam dentro dos critérios legais exigidos e o Tribunal Constitucional decidiu anular a votação no círculo e mandou repeti-la.

O PSD, que até tinha conseguido eleger um deputado pela Europa, acabou por perdê-lo quando se fez a repetição da votação, em Março, que acabou por ter até uma participação 40% abaixo da primeira. E que deu dois deputados ao PS pela Europa.

Se o PS conseguir novamente eleger os três deputados como em 2022 e o PSD apenas um, isso significará um empate no número de mandatos para a Assembleia da República, fazendo-se o desempate pelo número de votos para saber quem é o partido vencedor.

De acordo com informação da SGMAI, os votos recebidos da Europa até esta sexta-feira representam três quartos do total das respostas recepcionadas do estrangeiro. Como é tradicional, a França é o país com maior participação (84.338 respostas recebidas de um total de 381.301 envelopes enviados), seguida pela Suíça (46.889), Brasil (34.990), Reino Unido e Irlanda do Norte (33.873), e Alemanha (20.576).

No caso do círculo Fora da Europa, de onde já foi recebido um total de 67.495 votos, o Brasil é o país com um peso muito importante na eleição, com 34.990 votos. Em 2022, o país registou quase metade (34.915) dos 64.442 votos de todo o círculo (que inclui o resto do mundo excepto Europa).

Se no total do círculo, em Janeiro de 2022, o PSD teve 24.143 votos e o PS 19.181, só no Brasil os sociais-democratas obtiveram 12.651 votos e os socialistas contabilizaram 9097. No Brasil, os eleitores portugueses passaram de 240 mil em 2022 para os actuais 255 mil.

Há dois anos, o Chega teve apenas 6181, mas o apoio dos bolsonaristas ao partido de André Ventura leva-o a acreditar que lhe será possível roubar um deputado a um dos dois maiores partidos — sendo que o sacrificado poderá ser José Cesário (PSD), antigo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas de Pedro Passos Coelho, ou Augusto Santos Silva, ex-ministro e ainda presidente da Assembleia da República pelo PS.

Sugerir correcção
Ler 12 comentários