Um advogado de Ghislaine Maxwell vai apresentar, nesta terça-feira, num tribunal de recurso dos Estados Unidos, um pedido de anulação da condenação da socialite britânica por ter ajudado o falecido financeiro Jeffrey Epstein a abusar sexualmente de raparigas adolescentes, o que resultou numa sentença de 20 anos de prisão.
O 2.º Tribunal de Recursos do Circuito dos EUA, em Manhattan, deverá ouvir os argumentos do recurso de Maxwell às 14h locais (18h, em Lisboa) desta segunda-feira, mas não é expectável que o tribunal se pronuncie durante o decurso do dia.
Ghislaine Maxwell, de 62 anos, foi considerada culpada, em Dezembro de 2021, de cinco acusações por ter recrutado e preparado quatro menores de idade para Epstein, outrora seu namorado, com o intuito de ele ter relações sexuais com elas. Os casos ocorreram entre 1994 e 2004.
Epstein morreu em Agosto de 2019, na sua cela numa prisão de Manhattan, pouco mais de um mês depois de ter sido detido e também acusado de tráfico sexual. A morte do financeiro foi declarada como suicídio.
Desde então, as suas vítimas recuperaram centenas de milhões de dólares do seu património e de bancos acusados de gerir transacções que financiaram a sua má conduta sexual.
O escândalo também manchou ou destruiu a reputação de antigos amigos, como o príncipe britânico André, irmão do rei Carlos III, e o antigo director executivo do Barclays, Jes Staley.
Ghislaine Maxwell é filha do falecido magnata britânico dos media Robert Maxwell. No seu recurso, os advogados defendem que os procuradores fizeram dela um bode expiatório porque Epstein estava morto e que a “indignação pública” exigia que os procuradores atribuíssem a culpa a alguém.
Os advogados também alegam que o Governo esperou demasiado tempo para apresentar queixa e que Maxwell estava imune ao abrigo de um acordo de não-acusação celebrado em 2007 entre Epstein e os procuradores federais da Florida.
Para além disso, os advogados de Maxwell afirmam que o julgamento foi manchado pelo facto de um jurado não ter revelado que tinha sido vítima de abuso sexual em criança.
Da parte dos promotores, prevalece a ideia de que o recurso não será bem-sucedido, citando as conclusões da juíza Alison Nathan de que Maxwell causou danos “incalculáveis” às suas vítimas e que uma sentença substancial mostraria às pessoas que abusam sexualmente e traficam vítimas menores de idade que “ninguém está acima da lei”.
Maxwell está detida numa prisão de baixa segurança em Tallahassee, na Florida. Pode vir a ser libertada em Julho de 2037, depois de cumprida a maior parte da pena; nessa altura, a socialite terá 75 anos.