IL focada em desmontar o “voto útil” e provar que não é o partido dos gestores

As sondagens não estão favoráveis aos liberais, pelo que a grande preocupação do partido parece ser evitar dele fazerem o cordeiro sacrificado do voto útil à direita. Para já só fizeram duas arruadas.

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Rui Rocha, líder dos liberais, durante a campanha EPA/RODRIGO ANTUNES
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Nestes dez dias de campanha, Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal, tem falado muito das bandeiras clássicas do partido — liberdade de escolha na saúde e educação, redução da carga fiscal, mobilidade — e insistido sobretudo numa mensagem: o “voto útil” a que a AD apela é uma “chantagem” e os portugueses devem votar, “em liberdade”, no que realmente acreditam. O partido, que começou a campanha oficial em consecutivas reuniões à porta fechada com gestores, parece também estar numa tentativa de se aproximar dos trabalhadores.

As recentes sondagens não estão favoráveis aos liberais — a última, para o JN/DN/TSF, coloca-os ao lado da CDU, com 4% —, pelo que a grande preocupação do partido parece ser evitar dele fazerem o cordeiro sacrificado do voto útil à direita. Por isso, Rocha insiste, mais do que em qualquer outro assunto, que há “duas velocidades” para a “transformação” do país: a da AD, que diz ser lenta e querer mudar poucochinho, e a da IL — uma solução “realmente transformadora” e de “futuro”.

Ou seja, neste momento, o principal objectivo da campanha da IL é marcar a sua diferença face à AD e apelar aos portugueses, sobretudo aos jovens, para que “votem em liberdade” e não cedam ao voto útil à direita.

Outro assunto que marcou a campanha dos liberais foi, até ao nono dia, terem-se reunido apenas com gestores e administradores, descurando os trabalhadores. O corolário desta postura verificou-se aquando da sua visita à Navigator — uma exportadora que gera elevados lucros e cujos trabalhadores reclamam aumentos dos salários —, após a qual, em declarações à imprensa, ecoou acriticamente os feitos e “visão” da empresa, nunca aludindo às condições e reivindicações dos seus empregados.

Face às notícias que disto deram conta, os liberais pareceram ter ajustado a sua campanha, tornando-a mais popular e transparente: as reuniões com empresários, que eram fechadas, passaram a abertas; as visitas às empresas, em que só se sentavam com gestores, passaram a ter contacto com os trabalhadores; no discurso, sobretudo o dirigido aos empresários, passou a ser comum exigir-se “melhores salários” para os trabalhadores.

A IL parece não ter implementação suficiente para organizar comícios com a mesma frequência que as restantes forças políticas do seu tamanho eleitoral — como o Bloco de Esquerda ou a CDU —, pelo que em dez dias de campanha apenas o fez três vezes: em Braga, no Porto e, esta terça-feira, em Lisboa. Tem havido poucas arruadas — para já uma em Faro e outra em Lisboa — e a campanha tem andado sobretudo por centros urbanos (excepto Beja, onde Rocha se fechou num gabinete com a direcção de uma associação de agricultores).

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