Mulheres, vamos aprender com Miley e Mariliz!

Canção Flowers é uma ode à nossa capacidade de abdicar do que não nos serve mais.

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Miley Cyrus actuou na 66.ª edição dos prémios Grammy em Los Angeles, Califórnia, EUA, a 4 de Fevereiro de 2024 Reuters/MIKE BLAKE
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Li um texto no Instagram que acendeu uma luz dentro de mim, que apontou para um caminho lindo de libertação.

Era um post da jornalista Mariliz Pereira Jorge sobre a Miley Cyrus, mais precisamente sobre a letra da canção Flowers, que Miley cantou na noite em que recebeu o seu primeiro Grammy.

Todo mundo conhece a música e canta a letra. Mas, enquanto a gente se distrai, acaba por não dar toda a atenção que deveríamos dar ao que Flowers nos diz.

Como bem observou Mariliz, é uma ode à nossa capacidade de abrir mão do que não nos serve mais e assumir a nossa autonomia, a verdadeira tradução do amor-próprio.

Na letra, Miley fala de um relacionamento que um dia foi bom, brilhante; de um sonho, uma vida construída a dois e que se consumiu em chamas. E diante dessa dor, ela não queria separar-se nem queria mentir, e começou a chorar. Foi quando se lembrou que ela poderia comprar flores para si mesma. Que poderia escrever o seu próprio nome na areia. E conversar consigo mesma por horas, dizendo coisas que ele jamais entenderia. E que ela, como toda a mulher, pode tirar a si mesma para dançar e segurar a própria mão. Pode amar a si mesma mais e melhor do que ele um dia foi capaz. Que ela, enfim, pode ser feliz com ela mesma.

Mas, mais do que só rimas e palavras, Mariliz destaca que a proposta dessa canção que Miley compôs é de não fazer do fim de um relacionamento um acto de vingança, mas de empoderamento. Muitas canções escritas e interpretadas por mulheres falam dessa necessidade de se vingar de quem a fez sofrer. Para quê?

Enquanto a gente ainda tem raiva de um ex, enquanto pensa em maneiras de se vingar, continuamos presas. Continuamos acorrentadas ao outro. E ninguém consegue voar atada a um peso morto, ancorada em alguém que já não está na nossa vida.

Deixar o que passou para trás, assumir o comando da nossa existência e seguir inteira é a descoberta da nossa potência, da nossa liberdade. Somos responsáveis pela nossa felicidade. Cabe-nos levantar a cabeça e celebrar, como fez Miley feliz, naquela noite.

Foram muitos os elogios ao post de Mariliz. Mulheres incríveis, como Dadá Coelho, Vera Magalhães, Gioconda Brasil ou Thalita Rebouças, deixaram comentários lindos. Em tempos de tanta competição, tanto ódio e falsidade, tantos sentimentos ruins, fez-me bem ter esse momento de verdadeira sororidade, mulheres iluminando caminhos para outras mulheres.

É bom ter alguém, se esse alguém nos fizer bem. Mas o melhor de tudo é saber que, na nossa canção, alegria vai sempre rimar com autonomia.

Obrigada, Mariliz. Obrigada, Miley. Flores para todas nós.


Exclusivo PÚBLICO/Folha de S.Paulo
O PÚBLICO respeitou a composição do texto original, com excepção de algumas palavras ou expressões não usadas em Portugal

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