Paulo Cafôfo será cabeça de lista do PS se houver eleições antecipadas na Madeira

Líder regional socialista reuniu-se com o representante da República, Ireneu Barreto, para pressionar sobre a necessidade de se realizarem eleições antecipadas em vez de ser nomeado um novo governo.

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Actual líder do PS-Madeira foi presidente da Câmara do Funchal entre 2013 e 2019, como independente, à frente de uma coligação. Rui Gaudêncio
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O líder do PS-Madeira, Paulo Cafôfo, será o cabeça de lista do partido se houver eleições antecipadas na região autónoma, que insiste que não aceita que seja nomeado um novo Governo Regional no actual quadro parlamentar. "Eu, como líder do Partido Socialista [na região autónoma], existindo eleições antecipadas, como sei que existirão, serei obviamente o cabeça de lista por parte do PS-Madeira", afirmou Cafôfo no final da reunião que teve a seu pedido com o representante da República, Ireneu Barreto.

Paulo Cafôfo, que é actualmente secretário de Estado das Comunidades Portuguesas e encabeça a lista do PS às legislativas nacionais de 10 de Março pelo círculo da Madeira, sublinhou ser "inevitável" a marcação de eleições antecipadas na região, face ao processo que investiga suspeitas de corrupção no arquipélago, onde o presidente do executivo, Miguel Albuquerque (PSD), foi constituído arguido e apresentou a demissão (que ainda não foi formalizada por Ireneu Barreto).

"O Partido Socialista veio, olhos nos olhos e de viva voz, transmitir ao senhor juiz conselheiro [Ireneu Barreto] que não aceitamos um governo que seja nomeado no actual quadro parlamentar", disse, para logo reforçar: "Um governo que saia da actual maioria não garante estabilidade, nem restaura a confiança dos madeirenses nas instituições democráticas, muito menos, no Governo. Porque um governo que saia deste quatro parlamentar é um governo fraco, frágil e sem legitimidade por parte do povo."

O executivo da Madeira, que resultou das eleições de 24 de Setembro de 2023, é suportado pelo PSD e pelo CDS-PP em coligação, com apoio parlamentar da deputada única do PAN, que lhe garante a maioria absoluta na Assembleia Legislativa.

"Temos assistido a uma desorientação por parte do Governo Regional, por parte do partido que o sustenta e dos dois partidos que o apoiam", afirmou Paulo Cafôfo, considerando que a reunião do conselho regional do PSD, que decorreu na quinta-feira, mostrou que os sociais-democratas não manifestam "qualquer preocupação em salvar a Madeira". "A única preocupação é salvarem-se a eles mesmos, não estão preocupados com os madeirenses, nem sequer com a economia ou com a degradação da economia", disse.

No final do Conselho Regional PSD, o líder do partido, Miguel Albuquerque, afirmou que a maioria parlamentar que suporta o executivo tem legitimidade para apoiar um novo Governo, evitando eleições antecipadas. Já Paulo Cafôfo considera que a "única solução" é avançar para eleições antecipadas.

"Não há qualquer dúvida de que teremos eleições antecipadas, quando constitucionalmente for possível. É importante a dissolução da Assembleia Regional. É importante que, tal como aconteceu a nível nacional, este Governo se mantenha em funções até a realização de eleições", disse ainda o dirigente socialista.

Lembrou, por outro lado, que, se se efectivar a demissão do presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, cai o Orçamento da Madeira para 2024, cuja discussão estava inicialmente prevista para entre 6 e 9 de Fevereiro, mas que será agora avaliada numa reunião da conferência de representantes do partido marcada para segunda-feira.

"Interessa-nos que seja reestabelecida a normalidade democrática e isso só pode ser feito através do senhor Presidente da República e do senhor representante da República com eleições", disse ainda Paulo Cafôfo.

O dirigente socialista apelou, por outro lado, aos partidos da oposição para estarem "coesos e firmes na defesa da democracia" e confirmou ter já estabelecido contactos com alguns no decurso da crise política que assola a região. "Eu sempre fui adepto do diálogo entre os partidos", afirmou, para logo acrescentar: "Os partidos que não são cúmplices, nem pactuam com esta situação que aconteceu na região têm de estar preparados e mobilizados."