Madeira: Críticos internos do PAN acusam líder de violar autonomia regional e pedem eleições antecipadas

Treze críticos internos do PAN assinam um documento em que exigem a dissolução da Assembleia Regional da Madeira, a convocação de eleições e criticam a acção da líder nacional Inês Sousa Real.

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Inês Sousa Real é porta-voz do PAN LUSA/ANDRÉ KOSTERS
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Depois de exigir a demissão do presidente do governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, e o fim do acordo parlamentar com o PSD na região, a corrente crítica interna do PAN pede agora a dissolução da Assembleia Legislativa Regional da Madeira e a convocação de eleições antecipadas. Considerando que não é ético aceitar um governo escolhido por Albuquerque, a corrente “Mais PAN acusa ainda a líder do partido de desrespeitar a autonomia do PAN-Madeira e de gerir sozinha a crise política na região.

Para os críticos internos do PAN, afastar Miguel Albuquerque da presidência do governo madeirense não foi suficiente. “Não basta a saída de Miguel Albuquerque e do restante elenco relacionado com os negócios sob investigação! O PSD-Madeira é a organização política responsável pelo actual ecossistema de promiscuidade entre a política e as negociatas dos grandes grupos económicos... O acusado líder da organização deste ecossistema (...), Miguel Albuquerque, está a designar o seu sucessor”, lê-se no comunicado do “Mais PAN” enviado às redacções.

No total, 13 dirigentes e ex-dirigentes subscrevem este documento, entre os quais, por exemplo, Joaquim Sousa, ex-porta-voz do PAN-Madeira (que se desfiliou do partido em Setembro), os comissários políticos nacionais Alexandre Pereira e Fernando Geração, e Margarida Magalhães, membro da comissão política regional do PAN-Madeira.

Considerando que não é “politicamente ético aceitar um governo escolhido” por Albuquerque, o movimento de críticos considera necessária a dissolução da Assembleia Legislativa da região autónoma, indicando que se deve votar “favoravelmente a moção de censura ao governo que vier a ser apresentada”, para que seja possível “a convocação de eleições antecipadas o mais brevemente possível”.

Os críticos alertam ainda que, continuando Albuquerque a “ser o presidente do PSD-Madeira”, o executivo que este designar será um “governo fantoche” porque “vai permanecer sob a sua tutela política”. “Se o suporte político do PAN ao PSD-Madeira já era uma fraude política (…), ajudar a perpetuar este PSD-Madeira no poder (…) constitui um ataque à democracia e aos valores da República”, escrevem.

Quanto ao orçamento da região, que ainda não foi aprovado e arrisca cair se a Assembleia Regional for dissolvida, os críticos internos do PAN são claros: “É preferível a gestão orçamental em duodécimos até à aprovação de um orçamento por uma renovada Assembleia Regional saída de eleições.”

Sobre a gestão do PAN-Madeira, o "Mais PAN" lamenta “a forma titubeante e errática com que o PAN tem vindo a lidar com a crise política da Madeira, mudando de posição todos os dias”. Mas sobre a crise política na Madeira, aponta também o dedo à porta-voz nacional. “A gestão da crise da Madeira está a ser gerida única e exclusivamente por Inês Sousa Real, em total violação ao estatuto de autonomia partidária do PAN-Madeira”, lê-se no comunicado.

Segundo o movimento, o “PAN-Madeira tem sido violentado na sua autonomia, pois à deputada regional Mónica Freitas (que tem emitido declarações não coincidentes com as declarações de Inês Sousa Real), parece ter sido retirada a autoridade de falar à comunicação social na Madeira”.

Os críticos referiam-se ao momento que se seguiu ao fim da reunião com o representante da República na Madeira, que se realizou a pedido do PAN-Madeira e que ocorreu na passada quarta-feira. Depois de se encontrar com Ireneu Barreto durante cerca de trinta minutos, Mónica Freitas limitou-se a dizer: “Não alimentamos especulações.” E acrescentou que o partido falará quando houver “dados novos”.

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