NASA e Lockheed Martin apresentam avião supersónico “silencioso” X-59

Avião será testado sobre zonas habitadas dos Estados Unidos para avaliar carácter “silencioso”. Se for bem-sucedido, regresso do transporte supersónico de passageiros poderá estar mais próximo.

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O Lockheed Martin X-59 QueSST, apresentado esta sexta-feira na Califórnia Garry Tice/Lockheed Martin
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Pode ser mais um passo para o regresso do transporte aéreo de passageiros acima da velocidade do som, 20 anos depois do último voo do Concorde. A NASA e a Lockheed Martin apresentaram esta sexta-feira o avião supersónico X-59, com que a agência espacial norte-americana realizará voos de teste nos céus dos Estados Unidos para comprovar o carácter "silencioso" de uma nova geração de aeronaves.

Um exemplar completo do X-59 foi revelado num hangar da Lockheed Martin em Palmdale, estado norte-americano da Califórnia. O voo inaugural está previsto para este ano, ainda sem data marcada. Se tudo correr como planeado, a aeronave deverá atingir 1488 km/h, 1,4 vezes a velocidade do som, a 50 mil pés de altitude (cerca de 15 quilómetros).

O X-59 tem um desenho peculiar para potenciar a sua capacidade supersónica e, ao mesmo tempo, reduzir o ruído habitualmente emitido por este tipo de aeronaves. Tem cerca de 30 metros de comprimento, um terço do qual ocupado pelo "nariz", e uma envergadura de nove metros. O cockpit, que está colocado sensivelmente a meio do avião, não tem janelas dianteiras - a tripulação irá recorrer a um conjunto de câmaras de alta resolução para ver o exterior. O motor está colocado no topo do aparelho, acima do nível da asa.

Terminada a fase de desenvolvimento do X-59, a NASA iniciará em breve o período de voos de teste do projecto QueSST (Quiet SuperSonic Technology - "tecnologia supersónica silenciosa"). Até 2027, serão realizados voos supersónicos sobre um conjunto de zonas habitadas dos Estados Unidos, ainda por seleccionar, e será analisado o seu impacto junto das populações.

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Garry Tice/Lockheed Martin

Em 1973, as autoridades federais proibiram a passagem de aviões civis a velocidades supersónicas sobre o território norte-americano devido ao ruído extremo gerado por estes aparelhos. A proibição, que não abrange aviões militares, foi uma das razões do insucesso comercial do Concorde anglo-francês, a par do consumo elevado de combustível, dos altos custos de manutenção e da quebra da procura após o desastre do voo 4590 da Air France, em Paris, a 25 de Julho de 2000.

Com o X-59, a expectativa da NASA é que a população não ouça de todo o som explosivo associado às ondas de choque geradas pela quebra da barreira do som, ou que note apenas ruídos de intensidade tolerável. A agência governamental irá posteriormente partilhar os dados recolhidos com os reguladores da aviação civil, a quem proporá uma actualização da lei.

A NASA e a Lockheed Martin, um dos maiores fornecedores da Defesa norte-americana, não estão sozinhas na corrida ao regresso da aviação supersónica comercial. A Boom Supersonic, uma startup sediada nos Estados Unidos, com investimento saudita e japonês, requereu recentemente autorização ao regulador norte-americano para ensaiar protótipos do seu projecto de avião supersónico comercial, o XB-1.

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