CP tem a maior diferença entre tarifas promocionais e bilhetes comprados na hora
O comboio tem preços mais altos do que os dos autocarros, mas é o que baixa mais as tarifas na compra de bilhetes promocionais.
Em Dezembro, o PÚBLICO estudou as tarifas praticadas pela CP, Rede Expressos e Flixbus na compra de uma viagem para o dia 10 de Janeiro a partir de Lisboa e Porto para sete cidades de destino. Duas semanas depois foi ver como evoluiu o preço dos bilhetes, constatando que a CP vendia, na véspera, esta terça-feira, as suas viagens, em média, a um preço 173% superior ao das suas promoções de Dezembro.
Já a Rede Expressos e Flixbus, no caso das viagens com origem em Lisboa, vendem os bilhetes mais caros, respectivamente, em 117% e 154%. No caso das partidas do Porto, o aumento entre os preços praticados em Dezembro e agora a 9 de Janeiro foi de, respectivamente, 108% e 122%.
O PÚBLICO escolheu 10 de Janeiro por ser um dia neutro em termos de procura, passado que foi o período de Natal e Ano Novo. As transportadoras previam para esta altura uma determinada procura e foram adaptando os seus preços à medida das solicitações de compra. O resultado foi que, contrariamente ao que seria de esperar, não é a Flixbus que tem maior diferencial entre os preços promocionais e os comprados na véspera. A CP tem maior diferença, embora aqui não constem os bilhetes comprados à porta dos autocarros, que têm custo consideravelmente superior do que os adquiridos no site da empresa.
Face à Rede Expressos, a Flixbus teve maiores aumentos de preços. Entre 23 de Dezembro e 9 de Janeiro, aumentou os seus bilhetes, com saída de Lisboa, em 154% (a Rede de Expressos aumentou 117%) e em 122% os bilhetes dos autocarros à saída do Porto (a Rede Expressos aumentou 108%).
O maior diferencial de todos foi da CP, que, em média, vendia bilhetes entre Lisboa e Porto a 18,34 euros, valor que a 9 de Janeiro estava a 48,90 euros. Quase três vezes mais caro.
De Lisboa para Coimbra, a CP subiu os seus bilhetes em 169% e do Porto para Faro e Coimbra subiu, respectivamente, em 193% e 185%. O modo rodoviário ficou-se com aumentos mais baixos, embora a Flixbus tenha multiplicado por dois o valor das viagens Lisboa-Castelo Branco e feito um aumento de 167% entre Lisboa e Coimbra.
No caso da CP, esta diferença entre os preços promocionais e os preços de tabela, comprados na véspera do comboio, incorporam já o aumento de 6,43% dos seus bilhetes em 2024, de acordo com o permitido pelo regulador, a AMT — Autoridade da Mobilidade e dos Transportes.
A Rede Expressos e a Flixbus não anunciaram aumentos para 2024 se bem que o próprio conceito de “aumento dos preços” esteja hoje bastante diluído, uma vez que as tarifas vão sendo ajustados em função da procura e só no fim do ano se poderá concluir se houve ou não uma subida média de preços.
Apesar das variações de preços em duas semanas, a CP continua a ter os preços mais elevados entre os três operadores. Globalmente, a média de preços de Lisboa e Porto para os sete destinos escolhidos é duas a três vezes superior aos praticados pela rodoviária.