Detidos quatro suspeitos de preparar atentado na Áustria. Avisos também na Alemanha

Autoridades falam em situação “tensa” depois de avisos de planos de ataques a igreja de Viena e à Catedral de Colónia

Foto
Polícia na catedral de Colónia CHRISTOPHER NEUNDORF/EPA
Ouça este artigo
00:00
03:33

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A situação de segurança na Áustria e na Europa é “tensa”, declarou o Ministério do Interior em Viena, anunciando um aumento de segurança junto a igrejas e outros locais públicos durante o Natal, na sequência do anúncio de quatro detenções relacionadas com um plano de atacar um local de culto na capital austríaca.

Na véspera, à noite, as autoridades alemãs anunciaram um aumento de medidas de segurança em torno da Catedral de Colónia, depois de “indicações” de um plano para atacar o local na noite de fim de ano.

França também anunciou um aumento de segurança na época do Natal, e Espanha já tem medidas reforçadas desde 18 de Dezembro.

A polícia austríaca declarou que “dados os apelos de actores terroristas por toda a Europa para ataques nos eventos de Natal, especialmente à volta de 24 de Dezembro, as autoridades de segurança tomaram as medidas de protecção correspondentes nos espaços públicos”, incluindo igrejas e mercados de Natal.

Os suspeitos agora detidos, que pertenceriam a uma rede islamista, estavam a ser interrogados, mas as autoridades disseram não poder dar mais pormenores “por razões tácticas”, cita o diário austríaco Die Presse.

Na Alemanha, segundo a revista Der Spiegel, as suspeitas recaem sobre o grupo islamista Daesh-Khorasan, ou Daesh-K, um ramo do autoproclamado Estado Islâmico criado por combatentes paquistaneses que, meses depois do anúncio da criação do “califado” dominado pelo Daesh na Síria e Iraque em 2014, saíram para o Afeganistão.

Por lá, têm levado a cabo e ataques contra vários alvos, incluindo dos taliban, que tomaram o poder em Cabul em 2021, mas estavam a operar cada vez mais fora do país. Já na Primavera, o responsável pela secreta interna alemã, Thomas Haldenwang, tinha avisado para a crescente ameaça do grupo, lembra a revista Der Spiegel: “O fortalecimento deste grupo no Afeganistão está a aumentar a ameaça para a segurança na Alemanha”, declarou então.

O Daesh-K será, para o especialista em terrorismo islamista Peter R. Neumann, provavelmente o único ramo do Daesh “que teria actualmente capacidade para levar a cabo um ataque grande e coordenado no Ocidente”.

O sucesso limitado do grupo no Afeganistão levou, “como acontece com frequência, a uma estratégia de externalização” do grupo com ataques, e recrutamento, no Paquistão, Uzbequistão e Tajiquistão, explica o perito numa publicação na rede social X.

E começou a fazer propaganda além da região, o que teve efeitos: na Alemanha, tem havido detenções de elementos do que quase se pode chamar uma rede tajique/da Ásia Central.

A motivação para um ataque “não é só ideológica, mas sim, e sobretudo, o domínio no campo jihadista”, concluiu Neumann.

As autoridades pediram cautela mas também que não haja medo. “A cautela está na ordem do dia. Sabemos que a ameaça terrorista é mais alta do que tem sido já há muito tempo, e os nossos rituais cristãos são obviamente também um alvo para terroristas islamistas”, declarou Herbert Reul, ministro do Interior da Renânia do Norte-Vestefália, o estado federado alemão onde se situa a cidade de Colónia, citado pela revista Der Spiegel.

“Mas não estamos indefesos”, sublinhou Reul, falando das medidas de segurança na catedral e fazendo um apelo às pessoas que não deixem de ir à igreja. O medo é o principal trunfo dos terroristas, continuou, pedindo à população que não lhes dê esse valor.

A polícia de Colónia anunciou que, no sábado à noite, a catedral – que é um dos locais turísticos mais populares na Alemanha – foi revistada com cães de busca procurando explosivos, e ficou depois fechada até à hora da missa. As autoridades pediram que as pessoas fossem mais cedo este domingo para a catedral, já que todas terão de ser revistadas antes de entrar.

Notícia corrigida a 25.12, "revisadas" é "revistadas".

Sugerir correcção
Ler 9 comentários