Membros do Hamas detidos na Alemanha suspeitos de planear ataques a instituições judaicas

Três homens foram detidos em Berlim e um em Roterdão, anunciou a Alemanha. A Dinamarca disse ter detido três pessoas por suspeitas de planear um ataque terrorista. O Hamas nunca atacou no Ocidente.

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Os responsáveis policiais Flemming Drejer e Peter Dahl dão uma conferência de imprensa sobre as detenções na Dinamarca RITZAU SCANPIX/Reuters
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Quatro membros do movimento islamista palestiniano Hamas foram detidos nesta quinta-feira por suspeitas de planearem ataques contra instituições judaicas na Europa, segundo um comunicado do Ministério Público alemão; três na Alemanha e um nos Países Baixos. E três suspeitos de planear um atentado terrorista foram detidos na Dinamarca, anunciaram as autoridades de Copenhaga, sem indicar pertença a qualquer grupo.

Um ataque na Europa seria algo sem precedentes para o movimento islamista palestiniano. “O Hamas sempre teve orgulho em focar as suas actividades dentro da Palestina [histórica]”, comentou ao PÚBLICO o especialista em Hamas Michael Milshtein, responsável pelo Fórum de Estudos Palestinianos no Centro Moshe Dayan da Universidade de Telavive. “Na última década, expandiu as suas actividades para o Líbano e Sinai, mas nunca para o Ocidente.”

A investigação sobre esta acção, adianta a emissora alemã Deutsche Welle (DW), não está ligada aos ataques de 7 de Outubro, já que tinha começado antes, por causa dos esforços de pelo menos um dos homens do grupo chegar a um conjunto de armas que o grupo teria, no passado, escondido num local subterrâneo num local não especificado. O suspeito teria recebido instruções de um líder do Hamas no Líbano para localizar esse depósito de armas, para depois as levar para a zona de Berlim, e mais tarde serem usadas num ataque a instituições judaicas na Europa, segundo o diário Die Welt. Os alvos não estariam ainda definidos.

A tentativa de localizar as armas teria sido entretanto feita com a ajuda dos outros dois residentes em Berlim e do outro elemento preso em Roterdão. Os suspeitos eram membros de longa data do Hamas e já teriam participado em operações do Hamas no estrangeiro, segundo a declaração do Ministério Público, citada pelo Tagesspiegel.

“Na sequência dos terríveis ataques levados a cabo pelo Hamas contra a população de Israel, aumentaram ainda os ataques contra judeus em instituições judaicas no nosso país nas últimas semanas”, disse o ministro da Justiça da Alemanha, Marco Buschmann, num comunicado sobre as detenções. “Temos de fazer tudo ao nosso alcance para nos assegurarmos de que os judeus no nosso país não têm de temer, de novo, pela sua segurança.”

Os investigadores não acham que tenha havido uma ligação directa com o ataque de 7 de Outubro do Hamas em Israel, acrescenta a DW.

Antes, a Dinamarca disse ter detido três suspeitos de preparar um ataque terrorista – e que um outro teria sido detido nos Países Baixos. Não era clara a ligação às outras detenções.

As autoridades não deram muitos pormenores, mas disseram que as detenções foram feitas na sequência de uma cooperação da espionagem dinamarquesa com congéneres estrangeiras e que a polícia agora iria ter um “um foco especial” na protecção de instituições judaicas, cita a emissora britânica BBC.

O ministro da Justiça da Dinamarca, Peter Hummelgaard, disse que o alegado plano “confirma, de modo trágico, que os judeus dinamarqueses estão ameaçados”.

O gabinete do primeiro-ministro de Israel usou a conta oficial no X (antigo Twitter) para dizer que as agências de segurança da Dinamarca tinham detido “sete terroristas a agir em nome do Hamas” e “impediram um ataque” – provavelmente referindo-se ao total de detenções na Alemanha, Dinamarca e Países Baixos.

A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, declarou, à margem do Conselho Europeu que decorre nesta quinta e sexta-feira em Bruxelas, que o caso é “extremamente grave”. “É totalmente inaceitável que alguém traga um conflito de outro lado do mundo para a sociedade dinamarquesa”, declarou, citada pela DW.

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