Tradição ao lume
Penamacor mantém acesa a tradição de queimar o seu madeiro – o maior de Portugal, asseguram os pergaminhos da festividade. Aquela chama – cujo calor se há-de sentir às 23h59 de 23 de Dezembro, no adro da Igreja Matriz – não é estrela única. Em nome dela, alumiam-se vários dias de animação.
Entre 7 e 25 de Dezembro, as ruas da Vila Madeiro aquecem com cânticos, concertinas, desgarradas, “gaitadas e pifaradas”, bem como tasquinhas, bailes, mercado de Natal, exposições, oficinas, concertos, circo e outros espectáculos, sem esquecer o Desfile do Madeiro, e, para maravilha da criançada, a casinha do Pai Natal e uma fábrica de brinquedos.
À grande e à lupa
Do alto dos seus 21 metros, o maior Pai Natal do mundo (comprovado pelo Guinness) contempla a animação de Águeda É Natal. Está longe de ser o único motivo original do evento, que começou a 18 de Novembro e só fecha portas a 7 de Janeiro.
Por “algumas das ruas mais bonitas e instagramáveis” (garantia da autarquia), estão à vista os icónicos guarda-chuvas que se tornaram símbolos da cidade, uma árvore de Natal enfeitada por crocheteiras locais, desfiles de soldadinhos de chumbo e um parque transformado em bosque encantado, além de música, filmes, magia, saltimbancos, cânticos, contos, uma corrida e caminhada de Natal e a ligação ao Comboio Histórico do Vouga, entre outras atracções.
O que não está tão à vista é o Pai Natal minúsculo que o artista Willard Wigan criou: cabe no buraco de uma agulha e está à espera de visita num microscópio, no Posto de Turismo.
Chocolate e outros trunfos
Bombons e bombocas, crepes e cascatas, trufas e torrões, brigadeiros e bolos… Valença do Minho volta a erguer uma Fortaleza de Chocolate para dar as boas festas a nativos e a forasteiros.
Na praça-forte, das 10h às 20h, até 10 de Dezembro e com entrada livre a adoçar a visita, juntam-se produtores, pasteleiros e chocolateiros de ambos os lados da fronteira para dar a provar estas e outras iguarias (incluindo sem glúten).
Este é um dos trunfos da programação natalícia do município, que se prolonga até 7 de Janeiro e traz também momentos mágicos numa Duendelândia, um Mercado de Natal, Neve na Praça, uma exposição de presépios e outras atracções.
O brinquedo e o palácio
Cinema no salão nobre, contos na capela, oficinas de culinária no lagar, espectáculos de música, teatro, dança e magia junto à Cascata dos Poetas… Está instalado o Natal no Palácio Encantado, em Oeiras. São três dias de animação para toda a família – de 8 a 10 de Dezembro – com o Palácio Marquês de Pombal como cenário, com O Brinquedo como tema e sem cobrança à entrada.
As actividades começam às 10h e só terminam à noite, depois do último espectáculo (às 21h, na sexta e sábado; às 19h no domingo). À margem do programa, há outros encantos: pista de gelo, comboio, insufláveis, pinturas faciais, jogos, venda de Natal, salão de chá e uma zona de gastronomia.
Cinema e um cobertor
No Verão, o ciclo Ciné Society tem-nos mimado com sessões ao ar livre, em espreguiçadeiras espraiadas por terraços. No Natal, é o Cinema Encantado que faz as honras. Uma selecção de filmes à medida do espírito da quadra é projectada na “atmosfera acolhedora” de uma “tenda encantada”, montada na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa.
A tela ilumina-se às quintas-feiras, às 19h, e aos domingos, às 17h. Em cartaz estão O Amor Acontece (dia 7), O Grinch (10), Assalto ao Arranha-Céus (14), Sozinho em Casa (17) e O Estranho Mundo de Jack (21). Os bilhetes custam 13,90€ e dão direito a um cobertor para tornar a experiência ainda mais aconchegante.
Um Natal Urbano
Entre as estrelas, Contigo, Volta para ti e Sempre que acordares convivem no alinhamento com Oh happy day, Amazing Grace e Hallelujah.
É com estas pautas que o músico Jimmy P (alter-ego de Joel Plácido) dá andamento à digressão Natal Urbano, desenhada para celebrar “a universalidade da música e o espírito de partilha” que abrilhanta a época, entre temas do repertório pessoal e clássicos universais. A partilha não fica pela nota de intenções: estende-se também ao palco, a que sobem coros infantis e juvenis das localidades por onde passa.
O périplo começou no Porto e já passou por Mirandela, Leiria e Lisboa. Barcelos (dia 8 de Dezembro), Entroncamento (dia 9), Pombal (dia 16) e Ovar (dia 22) são as paragens que se seguem no mapa.
Gelo na pista e no copo
Uma pista de gelo no montado alentejano? Sim, e um copo de gin para dar coragem às piruetas. Na Herdade do Sobral, em Vila Nova de Santo André (Santiago do Cacém), volta a erguer-se uma das “terras Natal” mais originais do mapa luso, dentro de um não menos original parque temático, onde é uma premiada bebida local que normalmente tem o papel principal.
Por estes dias, a Vila do Gin do Black Pig cede o protagonismo aos duendes e a outras criaturas da quadra, sem deixar de manter a forte ligação às raízes. No horizonte, enfeitado pelas luzes e pela neve disparada por canhões, estão um “safari natalício”, um presépio de animais da quinta, malabaristas a aparecer de tractor… E, claro, o espectáculo que é a aparição de um certo velhote de barba branca.
Está aberto de 25 de Novembro a 31 de Dezembro, das 14h às 23h (nos dias úteis, até às 22h), e o preço de entrada começa nos 3€. Mais informações aqui.
Circos de Natal
Parte dos álbuns de família de várias gerações, a tradição natalícia de ir ao circo continua de pé firme. Os coliseus de Lisboa e do Porto tornam a montar a tenda para mostrar as habilidades do mundo circense, venham elas da escola tradicional ou de correntes mais contemporâneas.
Para a missão de encantar e de pôr o espectador, miúdo e graúdo, a explorar novos mundos sem sair da cadeira contribuem palhaços, acrobatas, malabaristas, trapezistas, ilusionistas e muitos outros animadores, sem esquecer a banda sonora à medida da cartola.
Na sala lisboeta, a magia está por conta da Companhia Internacional de Circo, com sessões até 26 de Dezembro e bilhetes de 20€ a 30€.
À arena da Invicta sobe uma “viagem onírica de homenagem à memória, através do amor de um neto pelo seu avô”, detalha a sinopse. Escrita por Gonçalo M. Tavares – que aqui se estreia nas linhas do “circo memorável” –, encenada por Nuno Cardoso e dirigida por Luís de Matos, esta edição propõe-se a desvendar o que esta arte tem de “mais fantástico” (hologramas incluídos). Está em cena de 15 de Dezembro a 7 de Janeiro, com preços entre os 9€ e os 20€.
A magia da tradição de Óbidos
O espírito natalício torna a assentar no burgo medieval, transformando-o desta vez numa verdadeira Escola de Feiticeiros.
Entre o Laboratório de Poções, o slide de vassouras voadoras, a Casa do Gigante com animais fantásticos, a Rampa Gelada, o Labirinto Encantado, as receitas de herbologia, o Bar Três Varinhas, o Salão de Magia, o Tribunal de Feiticeiros, os bonecos de neve e, claro, a casinha do Pai Natal, a festa de Óbidos Vila Natal espalha-se por todos os cantos, servindo, como é habitual, vários gostos e idades.
Música, teatro, artes circenses, comédia e mais de 80 workshops também entram no caldeirão que, nesta edição, vem cozinhado por 473 artistas.
As portas estão abertas até 31 de Dezembro (consultar horários detalhados aqui). A entrada custa 10€, ficando a 8€ para crianças dos três aos 11 anos.
Cenas (e nobres causas) ao vivo
Apresenta-se como “o maior presépio ao vivo da Europa”. Não é para menos: com 600 figurantes em 90 cenários diferentes, distribuídos numa área de 30 mil metros quadrados, o Presépio ao Vivo de Priscos recria a história da família nazarena e dos costumes do quotidiano hebraico e romano.
De traço comunitário e inclusivo, com construções feitas pela comunidade aldeã com a ajuda dos reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga, a tradição iniciada em 2006 volta a pôr a freguesia do município de Braga no mapa dos passeios natalícios.
Tal como em anos anteriores, as histórias da tradição cristã vêm acompanhadas por uma causa social e humana. Nesta 17.ª edição, são lembradas as vítimas do Tráfico de Seres Humanos.
Em cena de 10 de Dezembro a 14 de Janeiro (horários aqui), com bilhetes a 5€, pagos a partir dos 16 anos.
Presépios em grande
O de Priscos está ao vivo. O de Alenquer é “monumental”. Sabugal prefere ao natural. Rio Maior faz os seus com sal. Vila do Conde aposta nos artesanais e Santa Maria da Feira vale-se da criatividade e quantidade (mais de 800 de todo o género e tema). Os presépios multiplicam-se por todo o país, nas mais diversas configurações e originalidades. Mas, em tamanho, nenhum suplanta o de Vila Real de Santo António.
Com mais de 20 anos de tradição, o Presépio Gigante da cidade algarvia continua a crescer: para cima de 5.800 figuras numa área de 240 metros quadrados, fruto de mais de 40 dias de trabalho e mais uns quantos meses de preparação. E, este ano, com a novidade que é a recriação de uma estrada romana.
Pode ser admirado no Centro Cultural António Aleixo, entre 1 de Dezembro e 7 de Janeiro, das 10h às 13h e das 14h30 às 19h (até às 18h nos dias 24 e 31; a partir das 15h no primeiro dia do ano), por 1€.
Na montanha, ao natural
No coração da Serra da Estrela, a aldeia de Cabeça (Seia) põe as mãos na natureza para embelezar a quadra de forma genuína e pura.
Conhecida como a “Aldeia de Natal mais ecológica do país”, fruto da decoração sustentável que ilumina e ornamenta ruas e casas com materiais da terra e restos de limpezas florestais (giestas, videiras, pinheiros ou canas de milho são alguns dos exemplos), a 11.ª edição da festa decorre entre 8 de Dezembro e 1 de Janeiro e dá destaque à paixão e ao engenho partilhados pelas “mãos sábias” dos 170 habitantes locais.
Ao décor e iluminação juntam-se as tasquinhas, um mercado de Natal, oficinas e tradições como a missa do Galo ou a fogueira de Natal.